terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Palavras e atos indecorosos

     "Todos sabem do meu respeito e da minha amizade pelo presidente Lula. Então, eu repudio todas as tentativas, e essa não seria a primeira vez, de tentar destituí-lo da sua imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem". A frase é da presidente Dilma Rousseff e está em todos os jornais, com destaque para O Globo. Não é preciso muito esforço mental para ver que ela - a frase - é absolutamente vazia e vaga, exceto pela parte em que a presidente reafirma seus sentimentos em relação ao antecessor.
     Quem, cara presidente, quer destituir seu criador da sua "imensa carga de respeito etc etc etc?" É nesse ponto que deve residir o foco. As acusações, claras, diretas, foram feitas pelo principal assecla da quadrilha petista que acaba de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal. Como em TODAS - devo destacar - as ocasiões anteriores, as acusações, denúncias e afins partiram de um 'companheiro'.
     Quem 'denunciou' o Mensalão foi um dos deputados mais próximos do Poder. Roberto Jefferson privava da intimidade palaciana. Chegou, mesmo, a exibir seus dotes musicais, para deleite da plateia petista que o ouvia. O relacionamento entre o ex-presidente e sua chefe de gabinete chegou à Polícia Federal e, por conseguinte, ao noticiário, através de um funcionário público, vítima de tentativa de corrupção.
     As denúncias estampadas pelo Estadão foram feitas, integralmente, por um parceiro da companheirada. Não surgiram no PSDB, no DEM ou no PPS, para citar os três principais partidos de oposição. As pilantragens no ministério de Lula também explodiram por obra e graça da velha disputa de poder entre grupos dentro do governo.
     Essa ladainha não cola mais. Se Lula perdeu - ou está perdendo - o respeito que lhe devotava parte da população (na qual eu não me incluo, pois há muito tempo tenho por ele o mais objetivo desprezo), o único culpado é ele mesmo. Por palavras e atos literalmente indecorosos.

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