quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Planalto e a corrupção

     A frase da presidente Dilma Rousseff de - digamos - maior impacto, na entrevista que concedeu ao jornal francês Le Monde é daquelas que provocam, em mim, reações bem diversas. Da mais profunda 'admiração', pela extrema cara de pau, às gargalhadas. Disse nossa presidente: "Eu não tolero a corrupção, e o meu governo também não".
     Deve ser por isso que ela mantém, impávido colosso, seu amigo Fernando Pimentel no cargo de ministro do Desenvolvimento e muitas outras coisas, mesmo depois de ele ter recebido R$ 2 milhões por palestras que jamais foram feitas, logo depois de ter saído da prefeitura de Belo Horizonte e pouco antes de assumir a chefia de sua - dela, Dilma - campanha eleitoral. 'Palestras' que foram pagas - que coincidência!!! - por empresas interessadas em obras oficiais, através da sua entidade.
     Também deve-se a essa 'intolerância' a manutenção da ex-senadora Ideli Salvati no primeiríssimo escalão de seu governo (ministra de Relações Institucionais, seja lá o que isso a gente sabe que é), apesar de ela ter sido a responsável pela compra de uma flotilha de lanchas - embarcações jamais usadas, por proibição legal - quando ocupava o Ministério da Pesca.
     Por rígida em relação à corrupção, continua abrindo as portas do Palácio para a ex-chefe da Casa Civil e sua amiga fraterna, Erenice Guerra, cuja administração se distinguiu por distribuir facilidades. É, ainda, no seu governo que desponta o ex-senador Aloízio Mercadante, ministro da Educação. Ele mesmo, aquele que - a exemplo de Lula - não sabia que seu principal assessor estava comprando dossiês falsos para atacar políticos oposicionistas, no caso que ficou conhecido como dos 'aloprados'.
     "Mas ela demitiu sete ministros e afastou uma penca de diretores acusados de corrupção", poderia ponderar algum desavisado. Não demitiu, na verdade. Todos tiveram o pedido de demissão aprovado, para que pudessem se defender 'mais à vontade', fora do poder. E todos mantiveram-se calados e felizes, pois ficou o dito pelo não dito e os casos desapareceram no ralo do esquecimento. Não houve processo ou cobrança do que foi roubado. Nas transmissões de cargo, TODOS os 'demitidos' foram elogiados.
     E eu não me referi ao evidente e constrangedor apoio que nossa presidente deu aos quadrilheiros petistas condenados no julgamento do Mensalão do Governo Lula. E preferi passar ao largo do 'debate' público que mantém com o operador do Mensalão, o publicitário Marcos Valério, em defesa de seu antecessor. Dona Roosemary Nóvoa e seus indicados, os irmãos Vieira? Bem, em relação a esses casos a presidente manteve um obsequioso silêncio.

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