quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O apagão retórico

     Bastou um ano extremamente seco para derrubar a vigarice retórica petista, que absolvia a natureza de qualquer responsabilidade pelos apagões ocorridos no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. A culpa, na época, foi atribuída - com uma enorme dose de acerto - apenas à incúria dos poderosos de então, que não realizaram os investimentos necessários.
     Dez anos depois de nada fazerem e de sucatearem o que pouco que existia, os novos donos do poder fingem que o desastre na geração de energia é provocado por uma chave mal ligada por um operário qualquer, somada à - agora, sim! - falta de chuvas que compromete o nível dos reservatórios.
     Há sempre alguma desculpa, alguma acusação sugerida, uma transferência de responsabilidades. A alusão à 'herança maldita', com o passar dos anos - perdeu força e ficaria ainda mais indigna do que sempre foi. O jeito é empurrar com a barriga, fazer cara de inconformado, franzir a testa e alterar a voz, de modo a torná-la incisiva.
     É a receita para tentar encobrir as próprias falhas, a incompetência assustadora na gerência do país, que viveu atrelado aos anos dourados de uma conjunção externa favorabilíssima, dependent do crescimento chinês. A crise externa está expondo a mediocridade dos nossos dirigentes, que vivem - como todo e qualquer demagogo de plantão - à base da distribuição de benesses.

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