segunda-feira, 13 de junho de 2011

Violência e esporte

     Não sei se vocês viram. Se não viram, dêem uma olhada rápida nas fotos quer ilustram o noticiário sobre a vitória do brasileiro Júnior Cigano no UFC 131, realizado no Canadá. UFC, para os neófitos, é a sigla, em inglês, para a maior demonstração de violência e estupidez indevidamente classificada como esporte.
     As imagens exibem, e os textos exaltam, o rosto desfigurado e massacrado do oponente do brasileiro. Há sangue por toda a parte. Nariz, boca e supercílios transformados em uma massa disforme pelos socos de Cigano, um ex-lutador de boxe. As fotos, felizmente, não revelam os estragos que certamente foram causados no cérebro do americano e que terão - não há como evitar - sérias consequências no futuro.
     Não pretendo - jamais pretendi - lançar uma campanha contra os lutadores. Eles fazem o que sabem, com a dignidade possível. O câncer não está localizado no ringue. Está, sim, espalhado em uma sociedade que estimula esse tipo de atividade. Que paga fortunas pelos esguichos de sangue.
     Não consigo descobrir uma sombra sequer de esportividade em uma atividade que pressupõe - literalmente - a destruição física do adversário.
      Essa aceleração da violência - que cada vez mais ganha espaços nas tevês e jornais - me remete a uma postura da qual me orgulho de ter feito parte, no já longínquo ano de 1983, quando trabalhava na editoria de esportes do velho e ainda digno Jornal do Brasil.
     Nosso editor era o prematuramente falecido João Areosa, uma figura doce e muito querida, ele mesmo um praticante de jiu-jitsu. Depois da segunda morte consecutiva em lutas de boxe, Areosa conseguiu apoio para uma decisão que prevaleceu por algum tempo: não mais publicaríamos notícias sobre lutas. Exceto quando houvesse um fim trágico, para que o fato servisse de alerta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário