sábado, 25 de junho de 2011

Pesadelos de um gripado

     Três dos oito dias sem telefone e internet foram passados, literalmente, na cama, arrasado por uma gripe demolidora, apesar de vacinado contra ela. Foram dias e noites de dores insuportáveis em todo o corpo, garganta inflamada, tosse, coriza e tudo o mais. Na esperança de ao menos desviar minha atenção do pacote de pílulas, drágeas, xaropes e mandingas, zanzava febrilmente pelas dezenas de canais da minha operadora de tevê, a Sky.
     Começava pela Globo - da qual era expulso imediatamente por alguma canastrice, sem, sequer, saber o que estava passando - e esbarrava, magnetizado, nas apresentações de um tal 'misssionário RR Soares', da RIT TV. Normalmente custava a definir se estava delirando ou se 'aquilo' era, mesmo verdade. "Se Deus manda dar mil, tem que dar mil. Não pode pensar assim: que é muito, que vai dar cem. Não. Tem que dar mil", eu ouvia, meio imerso na sonolência dos medicados por atacado, achando que a voz vinha de algum filme barato sobre estelionato.
     Um toque no controle remoto me atirava nos braços do redivivo Datena, abençoado novamente pelos pastores da Universal, na incrível Record. Sem forças para consultar cartões de crédito, conseguia passar incólume por uma dezena de canais de venda. Sabendo, no entanto, que não resistiria a uma boa oferta de trimedais, comprimidos para dor ou livros sobre rezas para curar espinhela caída.
     Enfiado em camadas de edredons, escapei como pude dos impropérios de um inacreditável 'apresentador' da ESPN e dos 'teve', tejas' e 'pra mins' da turma do SporTV. Sucumbi, no entanto, a pouco mais de trinta segundos de um 'programa' esportivo da Bandeirantes, liderado pelo ex-jogador Neto: pedi um chá quente e desmaiei, torcendo para que tudo aquilo fosse um enorme pesadelo.

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