quarta-feira, 29 de junho de 2011

O pódio do desprezo

     Tenho amigos muito queridos, aos quais respeito profundamente - profissionalmente e pessoalmente. Dividi com eles alguns dos melhores momentos dos meus anos de redações, em especial a do ainda razoavelmente digno Jornal do Brasil dos anos 1980 e 1990. Com quase todos aprendi alguma coisa. Sei que eles não vão gostar de mais esse texto - se é que vão lê-lo. Mas não consigo me omitir, nem mesmo em nome do enorme carinho que claramente nos une e que certamente extrapola nossos encontros mensais em volta de uma mesa de restaurante.
     Vamos, então, ao texto, lembrando - como já reiterei em outras ocasiões - que procuro não fazer comparações. Ao contrário: busco as constatações, os fatos, aos quais dou minha interpretação.
     Há personagens recentes da história política brasileira aos quais devoto um sentimento que muito se aproxima do desprezo. Desprezo pelo que foram, pelo que são e pelo que deixaram de ser. No topo dessa lista, inalcançável segundo meus parâmetros, está o ex-presidente Lula: uma promessa de liderança séria que se transformou num político de quinta categoria, envolvido em escândalos inimagináveis, mentiroso, melífluo, desrespeitoso não apenas com seus inimigos, mas - e principalmente - com a legião de miseráveis aos quais manipula, como um daqueles coronéis vagabundos que distribuíam dentaduras.
     Num degrau logo abaixo na minha escala de falta de valores, surge outro ex-presidente, o atual senador Fernando Collor de Melo, o homem que desmoralizou a instituição republicana. Justamente ele, o primeiro presidente eleito diretamente, após um longo e doloroso período de transição.
    Aí por perto, em destaque absoluto nesse pódio de decepções, não por acaso, um dos mais emblemáticos representantes do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores: o ex-ministro, deputado cassado, 'consultor' de grandes negócios e dirigente partidário José Dirceu. O Dirceu de 68 não mudou apenas de cara. Transformou-se no maior fiador do estelionato ideológico no qual se transformou o PT.
     Pelo partido, chefiou o Mensalão, a mãe de todos os escândalos, segundo o procurador-geral da República. Pelo projeto de poder, continua espalhando mentiras e cooptando penas de aluguel, na sua luta sem fim para exterminar a democracia, o direito à controvérsia. Como fez num tal de
'Segundo Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas', seja lá o que isso for (talvez sejam aqueles sujeitos que recebem altas verbas do governo, para falar bem do governo).
     Nesse encontro, segundo a repórter Andrea Jubé Viana, do Estadão, Dirceu defendeu a "regulamentação dos meios de comunicação", a criação de "novas regras para o mercado de tevê por assinatura" e a "mobilização contra os grandes veículos de comunicação". Sentiram o cheiro de naftalina? O odor dos campos coletivos de cultura de cana? A saudade da 'Cortina de Ferro'? O elogio às ações de Hugo Chavez, o coronel de opereta?
     Na contramão, seu ex-parceiro de discursos e lutas contra a ditadura, Vladimir Palmeira, anunciou formalmente a saída do PT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário