terça-feira, 7 de junho de 2011

Falta de aptidão ao cargo

     A falta de expressividade e a inexistência de carisma da presidente Dilma Roussef, somadas, dão um resultado praticamente inédito na nossa história recente. Até mesmo os ex-presidentes José Sarney - que herdou o cargo com a morte de Tancredo Neves - e Itamar Franco - que assumiu com a cassação de Fernando Collor - conseguiram com razoável rapidez estabelecer suas marcas, suas identidades. A presidente, não, apesar de consagrada pelo voto.
     Em seus cinco meses de mandato, a presidente não conseguiu se definir. O comportamente sóbrio, de poucas aparições, dos primeiros meses, atribuído a uma postura mais pragmática na condução do poder, acabou revelando, na verdade, uma absoluta falta de aptidão ao cargo, às cerimônias, à exposição natural. Em síntese: despreparo para a função.
     A visita do presidente americano, Barack Obama, deu a ela a oportunidade de sair das sombras, de 'aparecer nas fotos', de mostrar - num discurso - certa independência, a disposição de mudar o relacionamento com os Estados Unidos. Mas foram momentos fugazes.
     A presidente logo se viu envolvida na teia armada à sua volta, no Palácio do Planalto. E cedeu claramente o protagonismo ao seu sucessor, o ex-presidente Lula, que apareceu como articulador da defesa do ainda ministro Antonio Palocci e fiador da aliança entre o PT e o PMDB, que esteve seriamente abalada, no caso da aprovação do Código Florestal, represália ao não atendimento de pedidos para maior participação no Governo - leia-se preenchimento de cargos.
     Para agravar esse quadro de recolhimento, a presidente ainda sofreu com sérios problemas de saúde que a obrigaram a reduzir a exposição pública e remeteram - natutralmente - ao seu histórico médico, que apresenta uma vitória na batalha contra um câncer.
     Enquanto ela evita uma exposição para a qual não tem vocação, seu mentor ultrapassa todas as fronteiras, literalmente. Jogando no lixo a promessa de afastar nos palcos, Lula atravessa continentes, manda e desmanda no PT, convoca reuniões públicas de aliados, sob a luz dos refletores, e deixa bem claro que quem manda é ele. A ponto de a presidente - segundo a Folha de São Paulo - pedir para que ele não vá a Brasília nas próximas horas, interferir na crise que vem imobilizando seu governo.
     A liturgia do cargo exige outro comportamento.

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