quarta-feira, 15 de junho de 2011

Revista iguala desiguais

     Aprendi, desde cedo, que um dos dogmas do jornalismo é ouvir os dois lados, as duas versões. Portanto, sempre fui um defensor do contraditório. Mas, como em toda regra, há exceções. Fernandinho Beira-Mar, por exemplo, para mim, jamais terá direito a replicar conceitos emitidos em sentenças, se contrapor pessoalmente a juízes, bater boca com eles, pela diferença entre históricos.
     Erra, portanto, segundo minha interpretação, o editor da até então (divulgação do artigo de FHC) desconhecida Revista Interesse Nacional, ao abrir espaço - segundo O Globo - para o deputado cassado José Dirceu 'responder' ao artigo assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o papel da oposição. Um texto - é fundamental ressaltar - desvirtudado pela leitura apressada e vigarista.
     O também ex-chefe da Casa Civil e da quadrilha que assaltou os cofres públicos no episódio do Mensalão - de acordo com a Procuradoria Geral da República - não reúne o estofo necessário a um embate desse nível. É igualar pessoas absolutamente desiguais, que frequentam patamares diferentes da dignidade pública.
     Embora sem culpa formada, o réu José Dirceu vem trafegando, desde que foi expurgado do Poder, em áreas nebulosas, que misturam interesses não muito republicanos, 'consultorias' em áreas estratégicas ligadas diretamente ao governo.
     Só mesmo as vantagens decorrentes da repercussão desse - digamos - 'debate' entre personagens tão distintos poderia explicar a decisão do embaixador Rubens Antonio Barbosa, editor responsável pela revista, alçada ao noticiário graças apenas e tão-somente à colaboração do ex-presidente.

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