sexta-feira, 10 de junho de 2011

Agressão ao direito

     A acolhida oficial que deu a um mero terrorista assassino pode custar bem caro ao Brasil. Toda a imagem que o país vem tentando cristalizar, ao longo de duas décadas, pode ter sido destruída por uma decisão que - além de não se sustentar juridicamente - agride os sentimentos do mundo livre, vítima de atentados e refém do radicalismo irracional.
     O histórico do criminoso italiano Cesare Battisti, por si só, deveria servir de barreira a qualquer decisão que não o levasse para a cadeia. Integrante de um grupelho de bandidos, Battisti foi um dos protagonistas de uma das fases mais dolorosas da história italiana do pós-guerra.
     O país sangrou com a violência de criminosos dos mais variados matizes. Perdeu dezenas de vidas, teve o Judiciário ameaçado e atingido. A vitória sobre o terror foi a mais importante conquista italiana. A decisão brasileira, paralelamente ao fato de rasgar os acordos entre os dois países, feriu profundamente o espírito da população.
     A reação, como se pode ver nas manchetes de todos os jornais, é de indignação. A revolta é tão grande que conseguiu um feito: unir todas as correntes políticas num mesmo sentimento. A Itália, como nação, está abalada e enfurecida com o Brasil.
     Dando voz a essa onda, o governo chamou de volta seu embaixador. Não é um rompimento de relações. É, apenas, um sinal. Vai, também, recorrer ao Tribunal de Haia, no qual o Brasil vai figurar como réu, como se fosse uma Líbia de Kadafi. Cresce, também, o movimento pelo boicote à Copa de 2014.
     Tudo isso por um assassino comum, vagabundo, que matou um casal na presença do filho pequeno. E que foi condenado por um estado democrático e que respeita as leis.
     Lamentável!

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