sábado, 4 de junho de 2011

Palocci continua sangrando

     Os insistentes pigarros do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, durante a entrevista concedida à TV Globo, ontem à noite, foram mais incisivos do que suas respostas. Embora tenha procurado controlar as reações, mantendo o tom de voz calmo, como se estivesse dando uma consulta a um paciente, o ainda ministro não conseguiu reprimir a manifestação nervosa, principalmente no início.
     O resultado foi o que todos os jornais e analistas expuseram: Palocci não conseguiu convencer, embora tenha se mantido firme na tese de que tudo o que fez está devidamente registrado; não há pendências com a Receita Federal; e encerrrou as atividades da sua empresa de consultoria, a Projeto, antes de se tornar ministro.
     Ele e seus assessores sabem que essas questões jamais estiveram em discussão. Os questionamentos passam por outros caminhos, que Palocci fez questão de não trilhar na entrevista de ontem, escapando por atalhos, desvios.
     Entre os piores momentos, destaco o modo ligeiro com que tratou dos tais R$ 10 milhões que recebeu em apenas dois meses, por concidência logo após a eleição da presidente Dilma Roussef. Segundo o ainda ministro, essa dinheirama foi paga em tão pouco tempo porque contratos de três ou quatro foram encerrados. Os clientes, então, quitaram de uma vez. Mas se os serviços ainda não tinham sido realizados, não havia motivo para o pagamento.
     Palocci também manteve em segredo os clientes e serviços prestados. Teve, ainda, a coragem de dizer que os resultados da sua consultoria eram compatíveis com os serviços prestados. E fez um enorme esforço para desvincular os problemas, do Governo. Certamente uma das exigências a que teve que se submeter.
     Manteve-se aferrado, paralelamente, ao script que destacava o sucesso da sua empresa. Chegou a mencionar o sócio. Na verdade, o ministro detém 99,9% das ações. O restante era de sua mulher e passou recentemente para um economista amigo, que sequer mora no Brasil. A Projeto, vê-se claramente, era ele. E mais nada.
     A julgar pelas reações que provocou, a entrevista de Palocci à TV Globo apenas adiou o fim já anunciado. Já há, até, nomes, para seu lugar. O 'Pelé das consultorias', segundo seu ex-chefe, está muito perto de encerrar a carreira.

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