quinta-feira, 2 de junho de 2011

Uma política estúpida

     Embora com reconhecido atraso, vou abordar um dos temas que andaram em destaque nos últimos dias: a tentativa de escamotear o passado, elaborada pelo presidente do Senado, José Sarney, ao eliminar a cassação do ex-presidente Collor da memória da Casa. Uma tentativa frustrada pela denúncia e pelo repúdio que provocou na sociedade.
     Nesse caso - raro, tenho que admitir -, sou forçado a 'absolver' o maior sobrevivente da história política recente do país. Sarney não inovou. Ao contrário. Se comparada à escalada de fatos que acompanharam a redenção de Collor, sua iniciativa pode ser considerada simplória, menor.
     O grande responsável pela reabilitação do homem escorraçado do poder foi - sem a menor dúvida - o ex-presidente Lula. Sarney 'apenas' seguiu o script de um dos capítulos mais vergonhosos da recente saga petista. Sem o menor constrangimento ou pudor, Lula cansou de afagar o inimigo que ele ajudou a destruir, com citações públicas e elogios de corpo presente.
     De vilão, Collor passou a ser o aliado de toda a hora, cabo eleitoral sempre disposto a pregar nos rincões alagoanos, dividindo palanques em comícios e campanhas publicitárias. Os impropérios foram esquecidos, assim como todas as denúncias e baixarias do embate pela presidência da República, vencido pelo 'caçador de marajás'.
     "É a política, estúpido", poderia alguém me contestar, parodiando citação que ficou famosa. É verdade. É a mesma política que leva o Governo e seus aliados, entre eles os antigos rivais Collor e Sarney, a usarem todos os artifícios e armas à disposição para impedir que o ministro Antonio Palocci preste contas à sociedade. Uma política estúpida.

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