terça-feira, 28 de junho de 2011

Respostas ao Ministro

     "Por que [esse assunto] volta hoje? Por que agora, que o Quércia está morto?"
     As duas questões foram levantadas pelo ínclito ministro da Ciência e Tecnologia, o ex-senador Aloizio Mercadante, hoje, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O tal 'assunto' é a ligação direta e expressa dele, Mercadante, com a compra e fabricação de um dossiê falso sobre José Serra, então candidato ao governo de São Paulo, em 2005/2006.
     Por esse tal dossiê, seriam pagos R$ 1,75 milhão, em dinheiro vivo, notas estalando de novas. Um dinheiro que ninguém sabe de onde saiu, quem recolheu e arrumou nas malas - as famosas malas petistas surgiram nas prefeituras dominadas pelo partido e atravessaram a década passada, segundo investigações criminais ainda em andamento.
     A dinheirama foi apreendida pela Polícia Federal, num apartamento em São Paulo, usado por um assessor direto do incontestável senador. Atenção: quem fez a apreensão foi a Polícia Federal, subordinada ao Governo Federal, petista, é bom não esquecer.
     Dito isso, vou me permitir responder às duas principais perguntas do ministro que, quando senador, revogou uma decisão que tomara e afirmara ser irrrevogável, em um dos episódios mais ridículos e lamentáveis da história da política brasileira, em todos os tempos.
     Ministro, esse assunto volta à discussão, hoje, porque um dos seus antigos assessores - e atual alto dignatário do PT - confessou à revista Veja, em entrevista gravada, que o senhor era o mentor de tudo, que era o líder dessa pilantragem política. Algo que até as cabras que pastavam em terrenos baldios desconfiavam, mas que foi claramente oculto pelo sistema de manobras criado no intestino dos governos aos quais o senhor serve com tanta flexibilidade ideológica.
     Outra coisa, ministro: se o ex-senador Orestes Quércia estivesse vivo, talvez o caso assumisse contornos ainda mais graves. Quércia certamente gostaria de ver tudo apurado, desde o início, nota de R$ 100 por nota de R$ 100. E, a acreditar no que antecipou o denunciante, o escândalo chegaria à sua colega de ministério, Dona Ideli Salvati.
     Para encerrar, ministro: assim como o Supremo Tribunal Federal (STF) recomendou o arquivamento do caso, na época, por 'falta de provas', pode reabri-lo agora, por abundância. É só chamar o seu ex-amigo para depor e confrontá-lo com a gravação das acusações que fez ao senhor.
     Como estamos vendo, mais uma vez, tudo começa e acaba dentro do PT.

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