sexta-feira, 10 de junho de 2011

Uma aventura caribenha - Capítulo 34

Os ribeirinhos enfrentam as águas em canoas frágeis

Os meninos do rio

     Estreito de Breves, Pará , sexta-feira, 13/08/1999 - Deixamos o Rio Amazonas de madrugada e entramos no Estreito de Breves, um canal que contorna a Ilha do Marajó e desemboca no Rio Pará, que, por sua vez, se encontra com o Tocantins para, juntos, desaguarem na Baía de Marajó.
     Chegamos ao Estreito de Breves (cerca de 200 metros de largura) preocupados. Os tripulantes da balsa que nos leva para Belém insistiram muito para que não deixássemos nada fora das picapes. Segundo eles, em virtude da proximidade das margens, havia o risco de roubo.
     A realidade, no entanto, pelo menos hoje, foi diferente. Fomos atacados, sim, mas por grupos de crianças que pediam tudo. Pão, dinheiro, balas, o que vissem. A semelhança com os meninos de rua das grandes cidades é impressionante. O Estreito de Breves, aliás, lembra muito uma grande avenida. É extremamente habitado (para os padrões amazônicos) e repleto de vendedores que oferecem de tudo um pouco. Uma espécie de camelôs fluviais.
     Suas canoas ficam postadas estrategicamente no rio, à espera da passagem das embarcações. Com uma rapidez incrível, se aproximam dos barcos maiores, como nosso comboio (balsa e empurrador), que navegava a quase 20 km/h.
     No meio dos vendedores, muitas crianças. Crianças, mesmo. Meninos e meninas de sete ou oito anos encarapitados em canoas absolutamente frágeis impulsionadas, apenas, pela força dos remos. Como conseguem, não sei. Só pode ser porque nessa região todos nascem praticamente na água.
     As crianças não ganham velocípedes ou bicicletas. Suas casas estão debruçadas sobre o rio, montadas em estacas que nem sempre as protegem das enchentes.
     O quintal de casa é o rio, onde passam a maior parte de suas vidas. Hoje, pela primeira vez, vimos dois meninos jogando bola. Não uma pelada, como a que estamos acostumados a observar nas ruas ou praias. Mas um misto de futebol e water-polo. A cara da Amazônia.

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