quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ministra arranca elogios no Senado

     Às vezes acho que estou lendo de maneira errada. Volto à primeira linha, mudo o 'tom' e tento encontrar entrelinhas. Quase sempre - para meu desencanto - não encontro nada além do que realmente está escrito. Não há mensagens ocultas, subliminares. Não há nada. Foi o que aconteceu hoje, ao mergulhar nas notícias sobre a despedida da nova ministra da Casa Civil, Gleise Hoffman (PT-PR) do Senado.    
     As reportagens nos contam que a ministra fez um discurso rápido, no qual rejeitou o apelido de 'trator', pela sua exaltada e intransigente defesa do governo, e destacou o que ela classificou de "experiência" conquistada nos "seis primeiros meses de mandato".
     Imaginei que alguém estivesse fazendo uma piada - a ministra ou os autores dos textos. Não. É para levar a sério. A nova ministra acredita, mesmo, que seis meses de discursos defendendo a era Lula e, mais recentemente, seu antecessor no cargo, foram suficientes para construir seu currículo.
     A julgar pelo deslumbramento de representantes da base (seja lá isso o que for), a ministra atropelou de fato seus pares, ao provocar, além dos olhares - digamos - enviesados da companheira Marta Suplicy (vejam a foto de ontem, logo após ter sido indicada para a nova função), o deslumbramento do triatleta Lindebergh de Farias (PT-RJ), que - segundo O Globo - a comparou a um fenômeno da natureza: "Passou pelo Senado como furacão, como uma estrela", declamou o contestado ex-prefeito de Nova Iguaçu, de acordo com o relato dos repórteres André de Souza e Adriana Vasconcelos.
     Outro exemplar do saber político, o senador Ivo Cassol (PP-RO) mostrou que é um apóstolo dos novos tempos da língua portuguesa, ao reunir em apenas duas linhas uma enorme coleção de lugares comuns: "Só pode ser dor de cotovelo quando alguém diz que vossa excelência não tem experiência política. Não estamos atrás de macaco velho ou de bananeira que já deu cacho".
     Pobre Brasil.

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