segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Votos envergonhados e comprometidos

     O ministro Dias Toffoli absolveu os 13 acusados por formação de quadrilha num voto que não durou um minuto, como destaca, em manchete, o Estadão. Não houve defesa de pontos de vista, nem mesmo uma despropositada ou envergonhada, como as elaboradas pelas ministras Rosa Weber e Carmem Lúcia, respectivamente. Absolveu, simplesmente, seguindo de cabo a rabo os argumentos da defesa, abraçados com sofrequidão pelo ministro Ricardo Lewandowski, aquele que já não pode transitar livremente pelas cidades, por temor de ser hostilizado pela população.
     O ex-empregado do PT e assessor direto do ex-ministro José Dirceu, principal acusado no processo que julga escândalo que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula, economizou o tempo dos demais pares e a paciência de todo os que acompanham o desenrolar dos fatos. Fez bem. Afinal, ele não está lá para julgar, e sim para executar uma tarefa partidária. Ouso dizer que qualquer outro, em seu lugar (exceção, talvez, do seu companheiro Lewandowski), teria se julgado impedido.
     Tofolli - não é uma expressão apenas retórica, é um fato - foi empregado do PT; uma espécie de estafeta de José Dirceu; e vive com uma advogada que defendeu o ex-ministro. Excetuando o próprio acusado, alguns parentes muito (mas muito, mesmo!!!) próximos e o ex-presidente Lula, chefão de Dirceu, não há um cidadão brasileiro mais moralmente impedido de participar do julgamento do Mensalão do que ele, Dias Toffoli.
     Ninguém jamais teve alguma dúvida sobre seus votos. Até mesmo a condenação de José Genoíno, ex-presidente de seu partido, o PT, por corrupção ativa era esperada. Ele estava, apenas e tão-somente, valorizando a absolvição de José Dirceu, que poderia ter um desfecho favorável à companheirada. Genoíno - ele, Toffoli, sabia - já estava condenado. Restava, apenas, saber o placar: se 9 a 1 (como foi), ou 8 a 2. Em suma: seu voto não teria a menor importância.
     A condenação de Dirceu - equivalente, de fato! - à condenação do ex-presidente Lula, era o pior dos pesadelos. Para evitá-la, valia tudo, até mesmo sacramentar o arremesso do ex-companheiro na jaula dos leões. Outro obreiro do PT, o ex-tesoureiro Delíubio Soares , vem fazendo isso - assumir a culpa pelos crimes da cúpula companheira - há seis anos.
     Dias Toffoli, portanto, não surpreendeu. Seguiu o script traçado desde sempre. Surpreendente - podemos chamar assim - foi o voto da ministra Carmem Lúcia, autora de um discurso emocionado contra os desmandos e roubalheiras realizados em nome de um projeto político. Cabisbaixa, a ministra absolveu e viu-se obrigada a retomar a palavra para tentar justificar o injustificável. Calou-se, em seguida, face ao voto de Luiz Fux, muito mais duro e incisivo do que o do próprio relator e que não se furtou de devastar suas - dela, Carmem Lúcia - opiniões.
     A ministra Rosa Weber optou pela mais profusa reunião de argumentos contraditórios. Cada tese levantada por ela atendia claramente aos argumentos da acusação. Foi preciso realizar um enorme contorcionismo para usar argumentos de acusação em armas de defesa. Dessa vez não houve olhos marejados pela dor de condenar velhos companheiros.
     Vamos agora a Marco Aurélio. O início é promissor.

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