domingo, 28 de outubro de 2012

São Paulo se curva a Lula

     A vitória de Fernando Haddad em São Paulo exibe, mais do que a pouca importância que o eleitor médio conferiu ao julgamento do Mensalão, a enorme popularidade do ex-presidente Lula, capaz de eleger para governar a principal cidade do país um ilustríssimo desconhecido que tem no currículo uma passagem desastrosa pelo Ministério da Educação. É verdade que Lula levou uma surra em Manaus, onde seu desafeto, Artur Virgílio, ganhou com folga. Mas o resultado que vai repercutir é o da capital paulista, até mesmo pelo simbolismo de ter ocorrido em um embate direto com o PSDB, representado por José Serra.
     Mesmo seus adversários mais ferrenhos - entre os quais modestamente me coloco - não podem deixar de reconhecer o enorme capital político do ex-presidente, que sobrevive, mais uma vez, ao escândalo do assalto aos cofres públicos realizado no seu governo. O inimputável Lula exibiu mais uma vez sua capacidade de driblar os fatos e situações constrangedoras normalmente suficientes para acabar com a carreira política de qualquer um.
     Vencer em São Paulo é sempre emblemático, pelo que irradia no país. Por isso o empenho não só de Lula, mas da presidente Dilma Rousseff. Derrotar a Oposição na principal cidade do país confere ao PT força para as próximas eleições, em 2014, quando estará em jogo o segundo mandato da presidente. Com essa derrota melancólica - mais uma!!! -, encerra-se definitivamente a carreira política de José Serra e escancaram-se as portas para a entronização do governador Aécio Neves na liderança nacional da oposição.
     Aécio, ao contrário de Serra e do grupo paulista do PSDB, venceu a disputa com o PT, ao ajudar a eleger Márcio Lacerda, do PSB, que concorria com o petista Patrus Ananias. Mas não foi uma vitória pessoal. O governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, sai dessas eleições com um invejável capital. Seu partido conseguiu se libertar das amarras petistas e alçou voo pelo país. Será, sem dúvida, o nome capaz de desequilibrar a próxima disputa.
     Talvez ainda não tenha a dimensão nacional suficiente para lançar-se à presidência, mas Fernando Collor também era desconhecido.

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