terça-feira, 16 de outubro de 2012

Derrota do Brasil decente

     O Globo de  hoje 'verbaliza' uma sensação que - temo - prevaleu em muitos, após a absolvição do publicitário Duda Mendonça e de sua sócia, ontem, da acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, por terem recebido dinheiro sujo em pagamento do trabalho realizado para a campanha do ex-presidente Lula, em 2002. Para o jornal, o ministro Joaquim Barbosa teria sofrido sua maior derrota no julgamento do Mensalão, o maior assalto institucionalizado aos cofres públicos e à dignidade desse país.     
     De maneira alguma. A grande derrotada - na minha ótica - foi a sociedade brasileira, como um todo, que viu, mais uma vez, a vitória do nosso deletério 'jeitinho malandro de ser'. Pois foi o que aconteceu. Não há dúvida que o PT usou dinheiro roubado para pagar o trabalho realizado pelo publicitário. Isso já ficou provado, sem questionamentos. E também não restou dúvida que Duda Mendonça - talvez pressionado, admito - utilizou um artifício para receber esse dinheiro, através de depósitos escusos principalmente em uma conta no exterior, municiada por doleiros a serviço da quadrilha de mensaleiros.
     A abertura da conta - a tal conta Dusseldorf -, seguindo orientação de uma consultoria especializada, teve esse único propósito: receber um dinheiro que não poderia ser pago no Brasil sem que os pagadores fossem para a cadeia. O próprio publicitário deixou isso bem claro no depoimento que prestou à CPI do Mensalão. Chorando, admitiu que aceitou a negociata, fato que poderia - deveria!!! -, até, ter provocado o impeachment do então presidente Lula.
     Seus advogados formais e o defensor eterno de todos os mensaleiros, Ricardo Lewandowski, no entanto, conseguiram provocar, na maioria dos ministros do STF, a tal dúvida razoável que justificou a absolvição, perfeita em termos jurídicos, mas moralmente desastrosa. O resultado dessa parte do julgamento passou ao Brasil a impressão de que sempre é possível escapar da Lei, usando desvios e contratando advogados caríssimos.
     Joaquim Barbosa, pessoalmente, nada perdeu. Ali, naquela tribuna, ele está representando o Brasil decente, que cansou de ser assaltado por todos os tipos de criminosos, em especial por aqueles que usam a 'ideologia' como gazua para chegar ao interior dos cofres.

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