sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Omissão histórica

     É evidente que todo cidadão de bom senso aprovará quaquer medida destinada a disciplinar e a moralizar o transporte de passageiros. Uma cidade como o Rio não pode ficar refém de grupos que desrespeitam a lei e a ordem. Mas não podemos esquercer, em momento algum, sob pena de cometermos uma injustiça histórica, que o 'sistema alternativo de transporte' (nome enfeitado para essa bagunça generalizada) é o resultado da mais completa e indigna ausência do poder público, ao qual caberia prover o cidadão de meios decentes para se locomover.
     A omissão dos poderes públicos é a gazua que legitimiza transgressões, em todos os níveis. No trânsito; na preservação das encostas; na degradação de rios, lagoas e baías; na segurança. Só há vans porque não há ônibus, metrô e trens decentes. Assim como só há milícia porque existe um vácuo nas comunidades, obrigadas a conviver - e não a escolher - entre milicianos e/ou traficantes.
     O Rio, através dos anos - e principalmente nos últimos anos - viveu a apoteose da demagogia, o ápice do populismo. À falta de liberdade durante o período de exceção dos regime militar, há a contraposição da tolerância, no pior sentido que se pode dar á palavra. Em nome de uma suposta dívida histórica, tudo foi permitido. As causas não eram combatidas, ao contrário. Sempre foi mais facíl (como ainda são é) aceitar comodamente as consequências.
     O resultado está aí, visível no mais absoluto caos urbano e social, mascarado pela extrema beleza natural da cidade, em especial da sua orla e da área de mata atlântica que ainda resiste à devastação.
     As vans ilegais e o 'altinho' que atormenta os banhistas das nossas praias são resultados do mesmo caldo.

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