Acho que nem mesmo o ex-deputado José Genoíno, ex-presidente do PT à época do assalto aos cofres públicos no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula, imaginava que seria alvo de uma defesa tão emocionada, tão inflamada, tão ardorosa como a desenvolvida ontem pelo ministro Ricardo Lewandowski. Chegou ao ponto de destacar que ele foi um deputado brilhante - "ele era ideológico, nunca ouvi dizer que fosse fisiológico", bradou.
E mantendo a prática já desgastada, lançou toda a culpa sobre o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, aquele mesmo que admitiu tudo e assumiu toda a responsabilidade. Genoíno, para o revisor, apenas participava dos debates políticos, dos acordos, jamais detendo-se nos ajustes financeiros, na corrupção. E, para reforçar seu voto absolutório, valeu-se de uma penca de depoimentos de - imaginem? - dirigentes e militantes petistas, entre eles a atual ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvati, uma testemunha claramente 'idônea'.
Para chegar a essa conclusão, o revisor tentou amaciar seus pares, com elogios rasgados ao relator Joaquim Cardoso e à Procuradoria-Geral da República, invertendo o adágio: soprou antes de morder. Depois de acompanhar a condenação da turma publicitária e lançar o companheiro Delúbio Soares no fogo, tentou de todos os modos liberar o presidente do PT de qualquer responsabilidade, antecipando, claramente, a futura absolvição do ex-ministro José Dirceu, cuja condenação foi pedida por Joaquim Barbosa.
A 'ênfase' de Lewandowski chamou a atenção do presidente do Tribunal, Ayres Brito, que, de maneira gentil, lembrou o que eu poderia chamar de manipulação de fatos e informações. O revisor, na sua evidente ânsia de defender Genoíno, chegou a afirmar que o empréstimo em discussão foi pago, 'esquecendo' convenientemente que isso só aconteceu este ano, em 2012. Ávido por apoio, chamou o ministro Marco Aurélio Melo ao debate, contando com a rivalidade entre este e Joaquim Barbosa. Foi repudiado.
Não se acanhou, sequer, em falar na vida modesta, pobre de Genoíno. Quase chorei.
Mais uma atuação vergonhosa do indicado por Dona Marisa Letícia. A mais vergonhosa e lamentável até agora. E ainda não chegou a José Dirceu.
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