terça-feira, 2 de outubro de 2012

Os dois mundos brasileiros

     Há, de fato, dois mundos distintos coexistindo no nosso país. O mundo dos fatos, da realidade, do crescimento pífio do Produto Interno Bruto, da inflação acima das expectativas, da bolha do consumo desenfreado que mascara o fracasso das iniciativas governamentais, todas pontais e desconexas. O mesmo mundo do que talvez seja o julgamento mais importante da nossa história recente, o do assalto aos bem públicos praticado no governo Lula.
     E há o outro mundo, um universo de divagações, mentiras, empulhações e de discursos mambembes que menosprezam a capacidade de raciocínio da população, apostando no beneplácito que advém da ignorânia, da falta de informação, da manipulação de fatos e da lamentável e criminosa conivência de uma parcela expressiva das camadas teoricamente mais esclarecidas, cuja consciência vem sendo comprada pelo sistema de poder instalado no país.
     Ontem, enquanto o país decente ainda se regozijava com a indignação dos ministros Celso de Mello e Ayres Brito com relação ao atentado à democracia e à República perpetrado pela quadrilha envolvida no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula, o ex-presidente e sua sucessora praticavam o mais medíocre proselitismo político no comício do candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.
     Ignorando a condenação da sua prática de governo pretérita, ousaram falar em decência. O ex-presidente, ao menos, domina a técnica do charlatanismo desenvolvida pelos pastores eletrônicos. A presidente, nem isso. Suas frases saem desencontradas, desprovidas de sentido, esbarrando quase sempre na concordância primária. Fortalecendo a sensação de que - como seu guru e chefe - ignora os preceitos mínimos da liturgia do cargo, apresentou-se em praça pública como um mero e vulgar cabo eleitoral, esquecendo-se de que foi eleita para governar para todo o país, e não para seu grupo de acólitos.
     Dilma Rousseff mostrou que não compreendeu bem a relevância do dia de ontem para o presente e o futuro do país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário