terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Brasil decente venceu

     A já incontestável e irreversível condenação dos coordenadores políticos do Mensalão do Governo Lula - configurada com o duríssimo voto do ministro Marco Aurélio Melo - vai exigir uma enorme reflexão, em especial, do próprio Partido dos Trabalhadores, o principal atingido por essa vaga de indignidades.
     Não consigo imaginar que seus adeptos mais esclarecidos - eles existem, certamente - continuem a insistir na tese já desacreditada formalmente de que não houve delito, que tudo não passou de uma tentativa de golpe perpetrado pelas 'elites', como afirmou o inimputável ex-presidente Lula a O Globo, ontem.
     De Lula, espera-se qualquer coisa. Jamais teve qualquer compromisso com a ética, com a decência. Mentiu e continuou mentindo compulsivamente, apresentando várias versões para o mesmo fato, de acordo com o momento. Passou da condenação (" Fui traído", chegou a dizer, transferindo a culpa) à mais absoluta negação, quando já se sentiu menos ameaçado. E assim continua agindo, apostando - sempre - na falta de informação das camadas menos esclarecidas da população. Portanto, dele e dos seus comparsas mais diretos pode-se esperar tudo.
     A virulenta campanha contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, claramente destinada a criar um mal-estar que favoreceria os petistas acusados, tende a perder força. Até mesmo Dias Toffoli, ex-empregado do Partido, enxergou corrupção e condenou dois próceres petistas, embora tenha absolvido seu ex-chefe direto, José Dirceu.
     O resultado que surge no horizonte - Dirceu deve ser condenado por oito votos a dois; Genoíno por 9 a 2; e Delúbio por 10 a zero; todos por corrupção ativa - derruba qualquer argumento que porventura venha a ser imaginado pela legião de aproveitadores que sugam os cofres públicos, incluídos nesse mesmo saco a UNE e o MST.
     Ministros acima de qualquer objeção política ou ideológica - como Carmem Lúcia, Rosa Webber - foram duríssimos. Ayres Brito tem sido inflexível. Sem falar no próprio relator, Joaquim Barbosa, um símbolo da luta pela dignidade. Marco Aurélio chegou a detalhes.
     A condenação por maioria absolutíssima desse esquema espúrio instalado nessa lamentável Era Lula é irretorquível. O Brasil decente venceu essa etapa lamentável da vida republicana, conspurcada pelas mãos enlameadas de uma quadrilha constituída para assaltar o país, em nome de uma causa indefensável, em nome de um projeto de poder.

2 comentários:

  1. Sem dúvida, Marco, hoje é um dia auspicioso para o nosso país. Fez-se justiça com a condenação dos responsáveis pelo maior roubo aos cofres públicos da nossa história, além de desfazer a impressão até então generalizada de que os petistas eram inimputáveis.
    Resta saber se isso resultará em alguma contribuição efetiva para a conscientização política do povo. A revelação do escândalo em si,com enorme repercussão à época, não foi suficiente, como sabemos, para impedir a re-eleição de Lula e a ascensão de sua ungida à presidência. Será que agora vai ser diferente? Esperamos que sim.

    ResponderExcluir
  2. É um processo lento de conscientização, Paulo. Também espero que essa decisão do Supremo nos ajude a melhorar a qualidade da nossa democracia.

    ResponderExcluir