segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Celso de Mello dá um lição de vida

     O voto proferido pelo ministro Celso de Mello, hoje à tarde, no Supremo Tribunal Federal, redime em parte o País e condena irremediavelmente a indignidade cometida particularmente no primeiro governo do ex-presidente Lula, no episódio que ficou conhecido como Mensalão - na verdade, como reiterou o decano do STF, um assalto aos cofres públicos realizado por quadrilheiros. Quadrilheiros, sim, como ele fez questão de deixar bem claro.
     Celso de Mello foi além do voto condenatório da maioria absoluta dos acusados dessa fase do julgamento, ao acompanhar integralmente o voto do ministro Joaquim Barbosa. Fez mais. Uma ardorosa e veemente defesa dos princípios democráticos, da decência no trato dos bens públicos, da paz pública (um bem tutelado pela Constituição), que ele viu ameaçada - literalmente! - pelos atos praticados pela alta esfera do governo.
     Foram, certamente, alguns dos momentos mais emocionantes dentre todos os já vividos até aqui e apontam para um desfecho exemplar não apenas dessa fase, mas de todo o julgamento. Confesso que - a cada frase de Celso Melo; à sua condenação peremptória da corrupção e de seus agentes; à maneira sórdida de fazer pólítica - me reencontrei com um pouco da esperança perdida aos longos da última década.
     O ministro soterrou todas manobras da defesa, incluindo as exercidas visivelmente pelo ministro-revisor, Ricardo Lewandowski. Apontou as investidas contra a República, consubstanciadas na atuação deletéria do governo de então ao comprar o apoio de parlamentares para alicerçar seu projeto de poder. Não se limitou aos corruptos, destacou os corruptores. Foi um voto - como ressatou o jornalista Altamir Tojal (antigo companheiro de redações), ainda há pouco - capaz de "lavar a alma do brasileiro".
     Foi assim que eu me senti: com a alma lavada, orgulhoso de ver que existe, sim, um caminho que passa pela decência; que não transige com a roubalheira; que não usa todos os meios para chegar a um fim, seja ele qual for.
     O voto do ministro Celso de Mello inaugurou (ou consolidou), e eu não tenho dúvidas quanto a isso, um novo horizonte no panorama político nacional. Deveria ser visto e/ou ouvido por todos os brasileiros, como se fosse uma lição de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário