quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pelo direito a uma vida decente

     Só mesmo o ranço pseudo-ideológico e a mais simplória e vagabunda demagogia populista podem justificar a insistência com que alguns setores combatem o projeto que foi encampado pela Prefeitura do Rio, destinado a recolher, abrigar, tratar e tentar salvar essa legião de mortos-vivos - as vítimas do que podemos chamar de epidemia de crack - que se espalha por diversos pontos da cidade.
     Em nome de um etéreo direito à autodeterminação, demagogos de todos os matizes acusam um eventual cerceamento da liberdade para defender o opção que esses infelizes teriam à morte mais miserável; à destruição moral e física; à devastação de milhares de famílias que, de modo direto e indireto, são atingidas por essa catástrofe.
     Não é possível que alguém, consciente e minimamente racional, acredite que esses miseráveis que agonizam nas chamadas cracolândias tenham capacidade de discernir sob re o que é melhor para suas vidas. Não têm. São incapazes absolutos e devem sim, ser tutelados pelo Estado, responsável - em primeira e última instâncias - pelo bem-estar de seus cidadãos.
     Abandonar uma parcela de seus cidadãos, relegá-los a um fim degradante, é uma atitude moralmente desprezível e não se sustenta sob o princípio da responsabilidade social. O prefeito do Rio, Eduardo Paes - a quem podemos atribuir uma vasta coleção de defeitos e incoerências , como eu mesmo venho fazendo há algum tempo -, assumiu, com uma coragem impensável, essa bandeira, quando seria muito mais cômodo agir como a maioria e fechar os olhos à praga do crack, em especial.
     As drogas em geral são uma ameaça não apenas - como se fosse pouco! - aos indivíduos, mas também à paz social. Não há glamour nas drogas. Há devastação e enriquecimento de criminosos. A sociedade não admite a leniência, como ficou comprovado em pesquisa recentíssima na qual 89% dos brasileiros rejeitaram a descrimininalização das drogas.
     Se o crack é um subproduto da cocaína, os zumbis que ele gera são o rejeito do que se convenciona chamar de 'consumidores sociais'. Cada carreira cheirada por desajustados de alta classe representa uma pedra que devasta uma vida.

2 comentários:

  1. Marco Antonio, essa coisa de viver na rua vem sendo defendida por idiotas há alguma tempo, não só para drogados, mas para mendigos em geral, deficientes mentais e outras parcelas do lumpen proletariat que andam por aí a esmo, intranquilizando quem vive dentro das normas, quem respeita a convivência, quem quer a cidade limpa, etc etc. A rua é pública, argumentam em defesa dos desordeiros e desocupados. Se é pública, é também minha. E eu não concordo com isso. Portanto, a sociedade tem de rejeitar essa leniência com a marginalidade afoita que, encontrando apoio em parcelas (acho que ideológicas) da população, pretendem que as calçadas virem grandes abrigos e os viadutos depósitos de lixo.

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  2. Coincidimos, mais uma vez, Romildo. O discurso pelo direito à ocupação do espaço público é absolutamente demagógico, daqueles destinados a fazer sucesso em mesas de botequim.

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