sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um olhar inflexível

     Sempre que me proponho a escrever sobre algum tema, em especial quando ele é naturalmente polêmico, faço a mim mesmo uma pergunta: como eu reagiria, pessoalmente a uma situação semelhante? Nesses momentos, guardo eventuais teorias sociológicas e ideológicas no fundo do bau e passo um cadeado na tampa.
     Essa postura vale tanto para a análise tanto de um caso político-policial, como o o assalto aos cofres públicos realizado no Governo Lula, quanto na discussão sobre a postura da sociedade com relação às drogas.
     Naturalmente, em especial na hipótese de comportamentos deletérios, prevalece a absoluta convicção de que os fins jamais justificam o uso de meios ilegais. Não consigo aceitar - sob argumento algum! - a leniência com criminosos de qualquer espécie, em função do seu - digamos assim - 'matiz ideológico'. Assassinos e/ou ladrões não são menos danosos por professarem, teoricamente, uma ideologia mais bem deglutida. Jamais.
     Avaliações com esse viés - exploradas ao extremo nos últimos dias - remetem ao mais vagabundo estelionato ideológico. Não consigo encontrar diferenças marcantes entre os comprovadamente genocidas Adolf Hitler, Josek Stalin e Mao Tse-Tung. Assim como não vejo distinções entre criminosos comuns, meros assassinos, como Che Guevara e o delegado Fleury. Entre Pinochet e Fidel Castro. Todos - a princípio - cometeram crimes hediondos em nome de uma causa na qual acreditavam, como se isso justificasse a ação.
     Tudo isso para reforçar uma posição de coerência que procuro manter: não há justificativa decente ou atenuantes ao comportamento indigno de todos os participantes da quadrilha que investiu não 'apenas' contra os bens materiais da Nação, mas contra a própria essência da democracia. E isso vale para todos os criminosos, sejam eles do PT nacional (como os chefões do Mensalão), do PSDB mineiro, do DEM goiano ou do PMDB fluminense.
     Em relação à leniência de parte dos nossos 'pensadores' em relação ao consumo de drogas, também sou inflexível: não há glamour algum no vício. Há, ao contrário, devastação moral, além de uma indiscutível associação com o crime organizado, no fundo, um dos grandes responsáveis por essa legião de infelizes consumidores de crack.
     A sociedade está exigindo uma resposta, sim, das autoridades. E, nesse caso, quero deixar bem claro que aplaudo não apenas a iniciativa da prefeitura carioca, de intervir diretamente, recolhendo, para tratamento, esses miseráveis que se espalham pela cidade. Mas a sensibilidade do Ministério da Saúde, que encampou a ideia.

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