sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A voz da sociedade

     Inflação alta - a maior dos útimos nove anos, no mês de setembro!!! -; apagões constantes (eles chamam de algo parecido com 'manobras de manutenção'); a condenação do esquema de corrupção e roubo instalado no governo do ex-presidente Lula, no episódio que ficou conhecido como Mensalão; e a possibilidade real de uma enorme fracasso nas eleições municipais de domingo.
     Definitivamente, os últimos tempos não têm sido muito agradáveis ao Governo, apesar da enorme, retumbante e, para mim, inexplicável aprovação da presidente Dilma Rousseff. Os fatos e perspectivas que tomei a liberdade de apontar resultam da conjugação de dois elementos: incompetência no plano administrativo e gerencial e o repúdio à corrupção, condenada pelo Supremo Tribunal Federal.
    Costumo lembrar que o espaço destinado pelos jornais às cartas dos leitores é um ótimo referencial para aferir o 'humor' da sociedade em determinados momentos da vida do país. É um campo fértil, que repercute sentimentos médios da população, principalmente - por óbvio - da que participa mais direta e criticamente.
     Aqui no Rio - gostemos, ou não (e eu até gosto, com as ressalvas comuns a todas as publicações) -, o papel de repercutir sentimentos é exercido por O Globo,onde tive o prazer de trabalhar por alguns anos, em um momento extremamente delicado da vida brasileira, nos anos 1970. Sua página de cartas de hoje é contundente, ao reproduzir a manifestação dos leitores quanto à atuação do ministro revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, e à culpabilidade dos réus, em especial do chamado núcleo político comandado pelo PT.
     Não houve dissenso entre os 10 leitores, nem 'visões diferentes' sobre o processo. Todos - uma avassaladora unanimidade - condenaram Lewandowski e os réus petistas, expondo o inconformismo desse estrato social com a ignomínia praticada a partir dos gabinetes do Palácio do Planalto, no maior atentado institucional à democracia e à República já registrado em nossa história.
     A atuação firme e determinada da maioria dos juízes da nossa mais alta Corte vem renovando a esperança de uma enorme parcela da população, que não comunga com a corrupção, com os malfeitos, com o uso da máquina pública em benefício próprio ou de uma causa, seja ela qual for. É um indício - que pode ser usado como prova - de que temos, sim, chances de quebrar as barreiras que nos reduzem ao eterno aspirante ao futuro.

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