quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A quadrilha desmascarada

     Como se imaginava e aguardava, o ministro Joaquim Barbosa traçou um retrato irretocável do conluio que se formou entre políticos, publicitários e banqueiros para assaltar os cofres públicos, no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula. E, com o rigor e a independência que vêm caracterizando sua atuação, pediu a condenação de 11 dos 13 acusados de formação de quadrilha (Artigo 288 do Código Penal), destaque para a facção política do PT, formada por José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
     Tudo é possível. O STF, por maioria, pode eventualmente decidir pela inocência de um, dois ou todos os integrantes desse time de horrores. Será difícil, no entanto. Todos sabemos que os ministros Ricardo Lewandowski e de Dias Toffoli devem manter a toada e seguir perdoando, em especial, a companheirada. É para isso que eles estão lá, cumprindo uma tarefa partidária, que independe da quantidade ou peso das provas. Mas os demais ministros têm demonstrado a isenção e a independência exigidas de um representante da nossa mais alta corte.
     É verdade que alguns votos não me agradaram, particularmente. A ministra Rosa Weber tende a ser mais compreensiva com a turma mais chegada ao partido da presidente que a indicou para o cargo. Condenou José Genoíno e José Dirceu, é verdade - mas com os olhos rasos d'água. A ministra Carmem Lúcia mostrou seguidamente sua indignação com o comportamento dito 'político', até mesmo em função de suas atribuições frente ao Tribunal Eleitoral. Mas absolveu o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, que confessadamente receberam dinheiro ilegal em um banco no exterior.
     Luiz Fux e Gilmar Mendes têm sido inflexíveis, assim como o presidente Ayres Brito, apesar de sua história petista - o que só valoriza seus votos. O decano Celso de Melo e Marco Aurélio também são muito rigorosos.
     Partindo dessa avaliação e da análise das votações anteriores, ouso prever um placar de 6 a 4 pela condenação. Resultado que pode chegar, com facilidade, a 7 a 3. É o que o Brasil decente aguarda ansiosamente. Uma resposta contundente e abrangente à maior ameaça à nossa democracia nas últimas décadas: o uso de dinheiro público para financiar um ousado e criminoso esquema que pretendia engolfar o país com o projeto de poder petista.

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