sábado, 6 de outubro de 2012

O silêncio dos culpados

     Fiquei esperando, até agora, alguma manifestação formal sobre a prisão - mais uma!!! - da jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez. Fez-se um sonoro e constrangedor silêncio, como sempre acontece quando a arbitrariedade é cometida por governos 'de esquerda' (uma fantasia semântica para classificar ditaduras companheiras). Não houve um registro sequer que partisse das nossas 'organizações da sociedade civil', sempre tão atentas e eficazes quando o alvo está situado nos Estados Unidos, em Israel, na Inglaterra ou até, como se viu recentemente, na neutra Suécia.
     As barbaridades perpetradas pela ditadura mais longeva do planeta são sempre relevadas, desculpadas, ignoradas, acobertadas. Nossos intelectuais, tão serelepes na defesa dos quadrilheiros do PT, viram as costas à estupidez que soterra a ilha. Nosso governo, repetindo atuações anteriores, alega covardemente que são problemas internos, que respeita a autonomia do país e outras baboseiras mais. Essa máxima vale para Cuba, mas foi atropelada, por exemplo, quando o vizinho Paraguai decidiu, por esmagadora maioria das forças representativas da sociedade, dar um pontapé no traseiro de um presidente que contrariou a Constituição.
     Yoani foi impedida de acompanhar o julgamento de um jovem espanhol que dirigia o carro envolvido em um acidente que matou um dissidente cubano, há alguns meses. Ficou presa, com o marido, por 30 horas. É um fato recorrente. Dissentir, mesmo pacificamente, é crime, em Cuba.
     Na verdade, eu já imaginava que o fato não gerasse maior comoção na companheirada espalhada pelas sinecuras bancadas direta e indiretamente pelo dinheiro público. A turma anda muito ocupada, lamentando a condenação de assaltantes e organizando protestos contra a independência dos juízes do Supremo Tribunal Federal, esquecida, providencialmente, que não estamos na Venezuela, onde o bufão Hugo Chávez prende magistrados que ousam fazer justiça.

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