segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A vitória da democracia

     É absolutamente justa a euforia petista pela eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo. Governar a maior cidade da América do Sul é meio caminho para a probabilíssima reeleição da presidente Dilma Rousseff e para a ampliação do poder do partido, nas eleições de 2014. É assim, através da expressão majoritária da vontade popular, que se deve alcançar o poder.
     Independentemente do que se possa achar da capacidade do novo prefeito paulista - seu currículo político é deplorável -, sua vitória deve ser respeitada e reconhecidos os créditos de seu mentor e inventor, o ex-presidente Lula, personagem que mantém o prestígio em alta, apesar de todas as evidências do seu comportamento deletério através dos anos.
     É bem verdade que o ex-presidente teve derrotas de grande dimensão, como a eleição de dois desafetos diretos, o amazonense Artur Virgílio (PSDB) e o baiano ACM Neto (DEM), os novos prefeitos de Manaus e Salvador, respectivamente. Ao contrário de outros analistas, não dou importância muito grande às vitórias dos adversários dos candidatos de Lula em Belo Horizonte e em Recife. Em ambos os casos, os resultados obtidos pelos candidatos do PSB ficaram praticamente em casa, pois o partido está alinhado ao PT, de corpo e alma.
     Eu sei que essas demonstrações de força ampliaram o cacife do governador pernambucano Eduardo Campos, mas não acredito que sejam suficientes para alavancar sua candidatura já em 2014, enfrentando Dilma Rousseff. É mais provável, na minha interpretação, que - mantida a pujança do neto de Miguel Arraes - haja um grande acordo entre PT, PSB e PMDB, nas próximas eleições, que garanta ao governador o posto de candidato comum em 2018.
     De qualquer modo, as eleições mostraram, de maneira insofismável, que o caminho para o poder passa pela democracia mais plena. A vitória nas urnas - ao contrário de absolver práticas ignominiosas, como as praticadas no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula - é um recado direto aos maus políticos, àqueles que usam todos os meios para alcançar seus fins. Antes de ser um atenuante, é um agravante.
     É preciso, de uma vez por todas, que não reste dúvida sobre a prevalência dos métodos democráticos na saudável disputa pelo poder. Mensaleiros, nunca mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário