sábado, 27 de outubro de 2012

O passado é um agravante

     A chicana jurídica iniciada pelo inacreditável ministro Ricardo Lewandowski - ao defender veementemente a 'história' de criminosos condenados no processo do Mensalão do Governo Lula - teve a continuação que se anunciava e - tomo a liberdade de especular - estava previamente combinada. Os advogados do ex-ministro José Dirceu, corrupto e quadrilheiro já 'sufragado' pela maioria absoluta do plenário do Supremo Tribunal Federal, entraram com um memorial pedindo que os magistrados, ao aplicarem a pena por seus crimes, levem em consideração seu - dele Dirceu - passado.
     Como em uma chanchada bananeira, os representantes do chefe da quadrilha estavam esperando, apenas, que o ministro companheiro estabelecesse as bases para que pudessem agir; que preparasse o terreno para os argumentos já imaginados. Ficamos assim, então: todos nós, desde que não tenhamos condenações anteriores, podemos sair por aí matando, assaltando, roubando.
     No caso específico do ex-ministro, o argumento é ainda mais desprezível, pois - em tese, na minha interpretação - serviria como agravante. Afinal, alguém que tenha enfrentado o regime militar tem por obrigação e norte, um comportamento superior. José Dirceu, ao chefiar o bando que tentou subverter as bases da República através da corrupção, traiu não apenas a confiança recente do país, mas as bandeiras da sua geração.
     Não, meus caros, não há atenuantes para os crimes cometidos por todos os quadrilheiros, em especial pela cúpula petista. Nada, sob qualquer ângulo, pode justificar essa violência cometida contra as instituições, em nome de um projeto de poder que não se acanhava diante dos ilícitos.
     A estratégia da defesa - e estou incluindo, sim, os ministros Lewandowski e Dias Toffoli entre os defensores dos criminosos - configura-se ainda mais desonesta, pois usa a essência de um momento ainda cultuado pela Nação - a luta pela redemocratização do país - como gazua para abrir portas de cadeia. Uma luta que - não me perdoaria a omissão - passou longe dos ideais do grupo que abrigou o ex-ministro e seu companheiro, José Genoíno, ex-presidente do PT e também condenado.
     Embora o inimigo fosse comum - os governos ditatoriais instalados no Brasil pelo movimento militar de 1964 -, lutava-se por causas distintas. A maioria, na qual me incluía, pela reafirmação da democracia plena. A minoria, pela submissão do país ao regime comunista, comprovadamente ainda mais arbitrário e sanguinário, como a história vem comprovando.

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