sábado, 13 de outubro de 2012

Não há limites para a indignidade

     Não há mais dúvidas - se é que houve algum dia - da origem vagabunda do dinheiro que o PT arrecadou e distribuiu entre correligionários e aderentes. Restou provado que a dinheirama que regou o Mensalão do Governo Lula era ilegal e, em grande parte, roubada dos cofres públicos, através de manobras que envolveram a cúpula partidária e membros do grupo liderado pelo publicitário mineiro Marcos Valério.
     Por filigranas jurídicas, no entanto, pelo menos dois dos mais destacados acusados de se beneficiarem desse dinheiro sujo - o ex-deputados Professor Luzinho (SP) e Paulo Rocha (PA) foram absolvidos (Paulo Rocha ainda não está tecnicamente liberado, mas será). Os dois reconhecidamente receberam seu quinhão no roubo, mas foram acusados, apenas, de 'lavagem de dinheiro', crime que, de acordo com os magistrados do Supremo Tribunal Federal, não ficou claramente comprovado. Em síntese, é isso: receberam e usaram dinheiro roubado, mas alegaram que não sabiam a origem. Tão ingênuos ...
     Eu, particularemente, comungo da tese defendida pelo relator Joaquim Barbosa e apoiada pelo ministro Luiz Fux. Os dois acusados, íntimos do poder, sabiam claramente da origem e se aproveitaram do momento. Como não sou juiz e tenho por norte respeitar decisões judiciais - mesmo as que não me agradam -, me obrigo a aceitar o resultado do julgamento. Assim como os juízes vencidos a aceitarão. Não imagino grupos de defensores da dignidade saindo por aí fazendo campanha contra o STF, por ter absolvido esses dois acusados. É assim que a democracia funciona.
     Não é o que vem acontecendo, no entanto, com a companheirada. Claramente condenados pela maioria absoluta da sociedade - basta uma lida nas seções de cartas dos jornais e revistas -, petistas e afins insistem no discurso canalha que culpa o que chamam de 'mídia' e "as elites" pela condenação dos atos indignos cometidos em nome de um projeto de poder. Reagem de maneira repugnante, tentando transferir a culpa pelos seus atos desqualificados, sem atacar - é isso é emblemático! - o principal acusador, Roberto Jefferson e Marcos Valério.
     E ainda não reagiram com maior indignidade, permito-me inferir (baseado no histórico de vandalismo que marca as manifestações desse grupo e de seus satélites), em virtude de a campanha eleitoral ainda estar em plena efervescência. Temem que uma atitude mais agressiva possa prejudicar, em especial, o candidato à prefeitura de São Paulo. Blasfemam, mas não quebram vidraças ou invadem fazendas produtivas.
     E mesmo que o fizessem - ou venham a fazer -, ficou claro que o Brasil decente não compactua com assaltantes de seus riquezas, independentemente de estarem sob as asas de políticos ainda inimputáveis. O Páis mudou, mas eles ainda não entenderam isso.

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