terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um desafeto da liberdade

     O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho - aquele ex-seminarista que daria a vida por Lula - voltou a atacar a imprensa, seus dirigentes e a própria importância da divulgação livre dos fatos na formação da cidadania. Para ele, apaixonado também pela ilha de Fidel Castro, boa deve ser a linha editorial do Granma, o órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista Cubano.
     Com certeza ele não teria motivos para se preocupar se houvesse no Brasil algo semelhante. Ninguém ficaria sabendo, por exemplo, que ele foi apontado - em depoimentos formais à Polícia - pelos irmãos do prefeito Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, como o transportador (no seu Fusca amarelo) do dinheiro que era extorquido das empresas de ônibus da cidade de Santo André e entregue - segundo as denúncias - diretamente ao ex-ministro José Dirceu, na época, presidente do PT.
     Os irmãos de Celso Daniel também contaram - e a imprensa que Gilberto Carvalho repudia divulgou - que o ministro teria confidenciado a eles que a morte do prefeito estarria ligada ao esquema de corrupção na cidade. E que o dinheiro arrecadado foi usado na campanha presidencial de 2002.
     De acordo com os depoimentos dos dois irmãos, o prefeito foi assassinado porque tentou interferir no esquema, a partir do momento em que o dinheiro passou a ser usado, também, para fins particulares.
     A imprensa brasileira é perfeita? Longe disso (e eu posso dar o testemunho de quem passou mais de 30 anos nas principais redações brasileiras). Mas certamente é fundamental no processo democrático. Com seus erros e acertos.

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