quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Revendo a defesa

     Está cada vez mais claro, para mim, que o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo de julgamento do Mensalão do Governo Lula, traçou uma estratégia bem definida. Ele não está verdadeiramente preocupado com o destino da secretária Geisa Dias, por exemplo, a quem dedicou intermináveis horas de seu interminável voto. Seu objetivo é tentar desmoralizar a acusação, para justificar a absolvição de quem realmente interessa a ele: os políticos do PT que fazem parte da quadrilha que assaltou os cofres públicos para financiar campanhas, comprar apoios e encher os bolsos.
     O ar 'professoral' que assumiu durante parte do seu voto irritou profundamente o relator Joaquim Barbosa, que reagiu indignado ao que intuiu como restrições à seriedade e profundidade do seu trabalho. De maneira até irônica, Lewandowski retrucou, negando, mas insistiu na constestação da qualidade da acusação, repetindo, à exaustão e literalmente, os argumentos da defesa, quando a expectativa seria pelo voto.
     De quando em vez, ao ser confrontado com as afirmações da defesa sobre o esquema de pagamentos ilícitos realizados pelo Banco Rural, por indicação do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, saía pela trangente. Nesses casos, tudo era 'suposto'. A defesa só era tachativa quando interessava a ele desmerecer a acusação, e não quando atribuía a pilantragem ao PT.
     O que se vê, por enquanto, é apenas um 'aquecimento' para o julgamento que realmente e principalmente interessa à Nação: o dos políticos que avançaram sobre os recursos públicos, em nome da 'causa': a perpetuação do esquema de poder instituído na primeira eleição do ex-presidente Lula. De pouco vai adiantar a quase certa condenação do publicitário Marcos Valério a um bom par de anos na cadeia, caso o ex-ministro José Dirceu seja absolvido.
     A condenação precisa ser ampla, geral e irrestrita, para purgar o país e compensar, em parte, a ausência de Lula no banco dos réus.

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