quarta-feira, 26 de setembro de 2012

No time de Joaquim Barbosa

     É evidente que eu estou incorporado de corpo e alma à legião dos admiradores do ministro Joaquim Barbosa. E é evidente, também, que essa admiração passa pelo fato de ele estar sendo implacável com os quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos e desmoralizaram a República, no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula. Portanto, nada mais normal do que estar ao seu lado nos embates com o ministro revisor, Ricardo Lewandowski (confesso que, por ato falho, escrevi Lewianowski, mas corrigi o erro a tempo).
     Mas não 'apenas' por isso. Já não estou suportando acompanhar as infindáveis intervenções do ministro cuja indicação foi defendida pela ex-primeira-dama, Dona Marisa Lula da Silva, claramente protelatórias e determinadas a esvaziar a denúncia aceita e apresentada com brilho por Joaquim Barbosa. E, insisto num ponto que já abordei há algum tempo: Lewandowski não está preocupado com o futuro de Pizzolatos e afins. Sua meta é desacreditar as denúncias que serão despejadas, mais à frente, contra os quadrilheiros do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu em especial.
     Em seus intermináveis e insuportáveis votos, o ministro revisor sempre encontra uma maneira de amenizar os delitos que - ele sabe disso - serão imputados à companheirada. Há sempre um 'suposto', um 'eventual', um 'possível' em suas referências. E não são gratuitos, pelo menos para mim. São as 'dúvidas' que ele planeja usar quando o julgamento for para valer, mesmo. Quando o esquema de poder montado pelo ex-presidente Lula estiver sendo acusado, de maneira praticamente direta. A condenação de Dirceu, Genoíno e Delúbio Soares atingiria (torço para que atinja!) Lula, o "Deus" da ministra da Cultura, Marta Suplicy, o aiatolá dos pobres de espírito.
     Além do mais, de um modo que me parece pensado, Lewandowski não perde a oportunidade de provocar Barbosa, explorando o lado inflamado e apaixonado do relator. Faz o possível para desestabilizá-lo, provocar reações, joga para a plateia. Não apenas a de 'estudantes de direito' que ele insistiu ontem em destacar, mas para o país que acompanha o julgamento pela tevê. Ontem, mais uma vez, e especificamente, sua 'tabelinha' com Dias Toffoli, o ex-empregado do PT, ficou patente. Em determinado momento, não resistiu e sinalizou para o vizinho de bancada. Lastimável.
     Acho - e nesse achismo vai muito do que eu gostaria que estivesse acontecendo - que a tática não vem dando certo. A emoção de Joaquim Barbosa sinaliza toda sua intransigência com os criminosos que vilipendiaram a Nação. Nesse embate, a dignidade de Joaquim Barbosa está ganhando fácil, de goleada.
     E antes que eu esqueça: Lewandowski condenou o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o responsável pela deflagração do escãndalo, por corrupção passiva. Só não pode esquecer que, se houve corrupção, é necessário que tenha havido um corruptor. E não foi Marcos Valério.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário