terça-feira, 25 de setembro de 2012

Por um código amplo geral e irrestrito

     Cada vez que ouço ou leio alguma coisa sobre a necessidade de se recompor a mata ciliar não consigo deixar de me lembrar dos Rios Maracanã e Carioca, transformados em meros canais de esgoto. Ou do 'meu' Rio Piraquê, aqui na Pedra de Guaratiba, um canal fedorento que deságua na sofrida Baía de Sepetiba. Quanto a esses - e muitos outros, é evidente -, silêncio absoluto. Não há uma voz séria que se levante para exigir a remoção de todos os ocupantes ilegais de suas margens; para tamponar os canos que despejam imundícies diretamente nas suas águas. A preservação da natureza, como se coloca, só vale para fazendeiros ou, no caso das cidades, para condomínios de classe A.
     É o que eu poderia chamar de ecodemagogia, ou ecovigarice ideológica. As lagoas da Barra da Tijuca, por exemplo, recebem praticamente todo o cocô produzido na Cidade de Deus, mas esse é um tema proibido. E não pensem que eu estou culpando os moradores pelo desastre que provocam. O grande culpado é, sem dúvida, o Estado, que se omite, fecha os olhos, aceita e estimula, movido por interesses subalternos.
     A agricultura, com sua evidente e incontestável responsabilidade pela devastação de grande parte das nossas riquezas naturais, não é a única culpada, sequer a principal, pela morte dos nossos rios. Particularmente, não consigo encontrar lógica em um Código que olhe apenas para parte da natureza, quando os ecossistemas são claramente integrados.
     Eu quero as margens de rios recuperadas, como qualquer um que tenha o mínimo de consciência. Mas quero que todas as margens sejam recuperadas, não apenas as que rendem discursos em bares da Zona Sul e singelos 'protestos a favor', como os endereçados à presidente Dilma Rousseff ('Veta, Dilma!!!') e que me provocavam ânsias.
     Não é o caso de 'vetar', e sim de universalizar a exigência pelo respeito ao meio ambiente e cobrar resultados imediatos. A começar dos próprios órgãos governamentais, como a Petrobras.
     PS: Uma explicação: esse tema ressurge com a votação do novo texto do Código Florestal, iniciada hoje, no Senado.

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