sábado, 29 de setembro de 2012

Do poste da Rosinha ao 'tailler' de Dilma

     A candidatura da prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, à reeleição está mais uma vez ameaçada. Seus adversários e um procurador de Justiça implicaram com a cor dos postes da cidade, que remeteria - na visão deles - ao tom de sua campanha: rosa. Na verdade, olhando as fotos que foram publicadas essa semana, o tom está mais para lilás, mas é evidente que deve ter havido a intenção de usar bens públicos para alavancar sua campanha.
     Afinal, não se pode admitir que mandatários usem o poder para incrementar campanhas, suas ou de outros. É injusto, não tenho a menor dúvida, e merece a nossa mais profunda reprovação, desde que haja isonomia na condenação. Se Rosinha não pode explorar o tom rosa, nossa presidente, Dilma Rousseff, deveria ser menos ostensiva no uso do tom vermelho nas suas aparições públicas, pela evidente e proposital associação com o seu partido.
     Ou alguém acredita que seja apenas uma coincidência o fato de ela ter recebido o primeiro-ministro britânico usando um 'tailler' vermelho-PT? "Mas a Rosinha pintou os postes usando dinheiro da prefeitura", dirão alguns. É verdade. Nossa presidente deve ter comprado o uniforme partidário com seus próprios recursos, o que reduziria o aspecto imoral da propaganda 'subliminar', mas não eliminaria.
     Guardadas as proporções, Dilma repete a - no mínimo - falta de sensibilidade demonstrada pela ex-primeira dama, Marisa Letícia, ao ultrajar os jardins do Palácio do Planalto com a estrela do seu partido, como se ele não pertencesse a todos os brasileiros. Mas nem todos os casaquinhos vermelhos podem ser comparados à sua presença, às expensas da Nação, no comício do candidato petista à prefeitura de São Paulo, segunda-feira.
     Explorei esse tema ontem, mas, pela sua relevância, volto a ele. Um presidente da República não tem o direito de usar o cargo em campanhas partidárias. Ao viajar para o comício, Dilma Rousseff estará usando recursos da Nação, mesmo que alegue um eventual 'reembolso' do custo da passagem. A estrutura necessária à movimentação de um presidente não tem preço, já diria um anunciante de cartão de crédito.
     Envolve assessores, esquema de segurança, planejamento e toda a logística imaginável. E não se diga que ela vai 'aproveitar' a presença em algum ato oficial. Presidentes não se aproveitam de circunstâncias para atropelar o respeito que devem à população em geral.

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