segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Barbosa continua inflexível

     O ministro Joaquim Barbosa não fez por menos: seguindo um projeto traçado desde o início do julgamento do Mensalão do Governo Lula, pediu a condenação de todos (menos um) os acusados no esquema de lavagem de dinheiro público ajustado entre o Banco Rural, as empresas do publicitário mineiro Marcos Valério e o Partido dos Trabalhadores, que definia quem e quanto a cada 'companheiro' (aí incluídos os partidos 'amigos') iria receber.
     Foi didático, enfático e determinado. Analisou todos os pontos da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República e detroçou os argumentos do advogados de defesa, um a um, com abundância de provas, complicando a 'tarefa' dos ministros Ricardo Lewandowski (revisor) e José Antônio Dias Toffoli, especialmente a desse último, que vem se mostrando parceiro dos quadrilheiros.
     Não satisfeito em continuar alinhavando a acusação, Barbosa insistiu na necessidade de reuniões extrordinárias do plenário do Supremo Tribunal Federal, especiais, para tratar do Mensalão. Ele quer abreviar o julgamento, impedindo que as manobras protelatórias favoreçam os criminosos.
     Na construção de sua verdadeira obra acusatória, Joaquim Barbosa mais uma vez consegiu colocar tudo em perspectiva, exibindo o entrelaçamento das vários segmentos do processo. Da maneira como vem conduzindo as questões, fica cada vez mais difícil que a quase totalidade dos réus escape da condenação. Não há corrupção sem corruptores e corrompidos. Não há, no caso, lavagem de dinheiro que atenda a apenas um dos lados.
     O 'maior assalto aos cofres públicos' da nossa história recente está ligado indissoluvelmente ao Governo Lula e ao PT. No caminho entre o erário e os bolsos da companheirada, muita gente lucrou, é evidente. Marcos Valério, por exemplo, não tinha maiores ligações com o PT. Tinha um esquema que desenvolveu lado a lado com a turma do Palácio.
     A presidente Dilma Rousseff, pelo que se vê até agora, para livrar os companheiros da cadeia, precisaria indicar urgentemente (não pode, felizmente) mais uns quatro ministros com o perfil do ex-empregado do PT, Dias Toffoli, também ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.

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