segunda-feira, 24 de setembro de 2012

As artes de Inhotim

Galeria Matthew Barney

     A origem do nome Inhotim ainda é um mistério. Em um dos livros sobre o lugar, consta que pode ter sido uma espécie de 'mineirização' do tratamento dado ao antigo dono das terras onde hoje se assenta essa grandíssima área dedicada - como prega seu guia básico - à arte contemporânea, à botânica, à cidadania, ao desenvolvimento e à educação, sem falar no lazer, na diversão e na gastronomia.
     A região - 1 milhão de metros quadrados - pertencia a um súdito da rainha, Mr. Tim. De 'senhor Tim' para 'inhô Tim' foram apenas alguns anos. Hoje, Inhotim é um espaço único no mundo, que reúne uma coleção incrível de obras de arte, galerias e espécies vegetais (incluindo mata nativa), em torno de três lagos. Tudo em absoluta comunhão e a alguns poucos quilômetros, por exemplo, de Belo Horizonte.


Comunhão de arte e natureza

     Mesmo para quem sai do Rio, de carro, como sempre prefiro, é uma viagem tranquila e razoavelmente confortável, pela BR-040, principalmente no trecho que vai de Petróplis a Juiz de Fora (estrada de primeiro mundo, o que justifica os R$ 24 de pedágio). O pior trecho fica por conta da subida da serra para Petrópolis, dividido com caminhões de todos os tamanhos e ônibus.
     Se houver coincidência, uma boa pedida para almoço é o restaurante Fartura no Fogão, às margens da rodovia, no lado direito mesmo, depois (para quem está indo) da Mercedes Benz. Comida mineira de razoável para boa qualidade. Foi lá que certa vez, há dez anos, quando íamos a caminho do Jalapão (paraíso ecológico no estado do Tocantins), que meu genro mais novo, Guilherme, ultrapassou a barreira de 1,2 quilo de costelinhas, linguiças caseiras e quetais, em um almoço - reconheço, a bem da verdade! - tardio.


 


Edgar de Souza

     Inhotim fica no município de Brumadinho, onde estão as opções de hospedagem. Por exclusão, escolhi uma pousada em Piedade do Paraopeba (Pousada das Brumas), uma das muitas sugeridas na página do lugar. A melhor maneira de alcançar Paraopeba pede paciência: seguir até o trevo para Ouro Preto e fazer o retorno (são apenas três quilômetros). É mais seguro do que aguardar no acostamento e tentar cruzar a rodovia, já que o acesso fica no lado esquerdo da pista.
     A pousada revelou-se uma ótima opção, pela oferta de contato com a natureza, com direito a dormir ao som de um riacho, voos de tucano e a banho de cachoeira. O preço? Na baixa estação, todas cobram algo em torno de R$ 160 para diárias de casal, com café da manhã. E quase todas ficam a razoáveis cerca de 25 quilômetros de Inhotim.

Galeria Adriana Varejão

     A chegada a Inhotim foi uma antecipação do estaria por vir. Já na estrada de acesso, os primeiros contados com belos jardins e atendimento no estacionamento, que é livre. Paga-se para entrar, sim, mas uma taxa quase simbólica, em função do oferece: R$ 20 (inteira). Já na recepção, pode-se optar pela aquisição do direito de usar a frota de carros elétricos que percorre os caminhos mais longos (R$ 15 por pessoa, por dia). Fica uma sugestão: usar os carros em um dia, para chegar aos pontos mais distante e ... altos; e andar livremente no outro, no circuito interno.

A Praça, de John Ahearn e Rigoberto Torres

     Há algumas opções para refeições (dois restaurantes, lanchonetes e café) e, em todas as atrações, jovens atenciosos, educados e bem-treinados para atender aos visitantes. De terça a quinta, bandos de estudantes exploram o lugar, que é , em si, uma atração imperdível. Dos jardins de Burle Marx à incrível galeria Doug Aitken, que nos remete aos sons emanados do interior da Terra, colhidos a 220 metros de profundidade e amplificados.

Doug Aitken - O som da Terra


     E aqui vai uma observação: as galerias são obras de arte, independentemente do que contêm no seu interior. As de Adriana Varejão, Mathew Barney, Miguel Rio Branco e a de Doug Aitken foram as que mais me tocaram, especialmente a de Adriana Varejão, com seu espelho d'água. As obras espalhadas nos jardins também emocionam, como, principalmente (para mim, é claro) as de Edgar de Souza, Chris Buden, John Ahearn e Rigoberto Torres (Galeria da Praça) e - meu passado de editor de Carro e Moto do Jornal do Brasil me condena - os Fuscas de Jarbas Lopes.


Cildo Meireles

     Inhotim é para ser degustado. Há imagens (Miguel Rio Branco), cores (Oiticica), luz (Lígia Pape) e sons (Galpão Cardiff e Miller) para todos os gostos. O tempero é despir-se de preconceitos. E eu sei bem o que estou dizendo.

Galeria Lígia Pape

     Na volta ao Rio, uma sugestão boa, bonita, rápida e barata: visitar Congonhas e conhecer parte da obra de Aleijadinho. Os Profetas ficam a apenas quatro quilômetros da rodovia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário