segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A ética do Planalto

     A renúncia do presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, dá margens a justificadas especulações, como a que me permito fazer. Embora polido, Pertence deixou evidente que não aceitou o fato de a presidente Dilma Rousseff ter vetado a recondução de dois membros indicados por ele e indicado outros dois, que tomaram posse hoje.
     Coincidentemente - e o fato é destacado por Veja - , os vetados pelo Palácio recomendaram a demissão do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, no fim do ano passado. Lupi, aquele que duvidou da presidente, anunciou que tinha bala na agulha, declarou seu amor por ela e acabou no olho da rua, com toda a pompa que sempre é conferida a todos os integrantes do Governos que são flagrados em atos não muito 'republicanos'.
     Pelo que se vê agora, prevaleleu a insatisfação da presidente. Eventualmente, se não tivessem ousado desafiar o Poder, teriam sido reconduzidos. Ousaram, foram rifados. É exatamente o que o Governo gostaria de fazer com os ministros do Supremo Tribunal Federal indicados por Lula e Dilma e que têm votado pela condenação de membros da quadrilha que assaltou os cofres públicos, no episódio que ficou conhecido como Mensalão.
     O tal manifesto urdido por bajuladores do Governo, em defesa do ex-presidente e do PT, é uma peça do mal-estar que vem sendo provocado pela independência manifesta pelos magistrados, com as exceções que justificam a regra, especialmente a do ministro Dias Toffoli, que cumpre apenas uma tarefa partidária e se desmoraliza a cada voto desprovido de conteúdo.
     Embora dirigida diretamente à revista Veja - que insiste (absurdo!!!) em escancarar as pilantragens dessa Era Lula -, a reação do esquadrão petista nada mais é do uma tentativa de coagir e chantagear todos os que não se dobram à ditadura petista. Ditadura, sim, embora alicerçada no voto.
     Nossa vizinha e prostituída Argentina, por exemplo, está prestes a resolver esse problema, calando a voz do Clarín, mesmo atropelando a Lei, com o apoio de um Congresso lamentável. Na Venezuela do bufão Hugo Chávez, quem se atreve a denunciar ou se opor ao sistema é ameaçado, perseguido e atacado por brigadas de bandidos a serviço do Governo. Em Cuba. Não, em Cuba só há uma voz, a do Granma, um jornaleco vagabundo usado para fins higiênicos e que parece ser o ideal de 'mídia' da companheirada.
     E a ética? Passa longe de Brasília, com certeza.

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