segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Mensalão: fatias do mesmo bolo

     O resultado do julgamento dos acusados pelo esquema de lavagem de dinheiro montado no Banco Rural, no episódio do Mensalão do Governo Lula, que começa hoje, deverá ser determinante para a área política desse que foi o maior escândalo da nossa história. Se os agentes da corrupção forem condenados - como devem ser -, será impossível absolver os 'corrompidos', aqueles que receberam ou manipularam os recursos desviados dos cofres públicos.
     As primeiras decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal já apontam para esse final: a quadrilha praticamente inteira na cadeia, real ou metafórica. De Marcos Valério (figurinha fácil em todas as fatias do julgamento) ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, passando pelo publicitário Duda Mendonça, aquele que confessou, aos prantos, em depoimento na CPI do Mensalão, que havia recebido dinheiro em paraísos fiscais, de maneira ilegal, pelo trabalho na campanha do ex-presidente Lula, que 'não sabia de nada', é claro.
     O cerco está ficando mais apertado, pois todo o processo vai se cruzando, colocando os personagens deletérios desse assalto aos bens nacionais no mesmo pacote de vigarices. E talvez esteja aí, na forma como o processo vem sendo apresentado pelo ministro Joaquim Barbosa, o segredo para punir a cambada toda, ou quase toda.
     Barbosa fatiou brilhantemente as acusações mas, ao mesmo tempo, deixou evidente - de maneira didática - que os pedaços fazem parte do mesmo bolo, que os esquemas se complementam, se ajustam, acomodam. Essa compreensão que vai se firmando deixa claro que não seria possível que tudo isso acontecesse sem uma coordenação, uma chefia, sem o toque de alguém que tivesse ascendência sobre os demais. Sem a liderança de José Dirceu e a assessoria direta de José Genoíno (presidente do PT na época) e Delúbio Soares (tesoureiro do Partido), parece gritar o processo.
     Mas Lula não sabia de nada.

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