terça-feira, 6 de novembro de 2012

UNE não vai às ruas por Dirceu

     O presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu, deu uma entrevista  surpreendentemente ponderada (pelo menos para mim) ao Estadão, abordando, em especial, a posição da entidade face ao pedido de apoio feito pelo ex-ministro José Dirceu, prestes a ser condenado pelo STF. Iliescu, que integra a União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, garantiu que não há qualquer proposta de manifestação.
     Disse ainda que a entidade respeita integralmente as decisões emanadas do Superior Tribunal Federal, mas cometeu um deslize que é muito comum quando são avaliados personagens que enfrentaram os governos militares: "Nem mesmo o mais fragoroso opositor de Dirceu pode negar o papel que ele teve na luta democrática", ressaltou, na entrevista.
     O jovem apenas repete uma incorreção que tomou contornos de verdade. José Dirceu e outros militantes não eram arautos da democracia. Lutavam não apenas contra a ditadura, mas - e disso não há a menor dúvida - pela implantação do regime comunista, a exemplo de Cuba. Em síntese, queriam trocar uma ditadura violenta e arbitrária, como todas, por outra, que o tempo se incumbiu de mostrar que era ainda mais criminosa e aterradora. A democracia - que a maioria da população passou a exigir, a partir de determinado momento - não estava em jogo.
     Insistir na teoria de que havia o confronto entre discricionários e democratas é agredir não apenas a história, mas a inteligência coletiva. Seria mais coerente e digno reconhecer que o momento era outro - de absoluta polarização ideológica -, o que pode explicar a adoção de medidas mais extremadas e já superadas pelo tempo.

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