segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O futuro de João Paulo Cunha

     A retomada do julgamento do Mensalão do Governo Lula, hoje, reforçou em mim a convicção de que o destino do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) - regime fechado ou semiaberto - está praticamente definido: ele vai para a cadeia, para uma das tais 'prisões medievais' que seu companheiro de partido, o ministro da Justiça (?) José Eduardo Cardozo descobriu que existem no Brasil.
     E a razão é simples: seus defensores formais, os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, não participarão da aplicação da pena, pois votaram pela absolvição ... e perderam. A esperança de João Paulo é o desempenho da ministra Rosa Webber, que vem ensaiando bem a função de 'substituta' de Lewandowski nas dosimetrias nas quais o revisor não pode se manifestar.
     Por ter condenado, a ministra não pode absolver, é claro. Mas tem optado, sempre, por punições mais brandas do que as sugeridas pelo relator, antecipando o que certamente fará, quando puder. E conseguiu vencer algumas disputas. Em contrapartida - e para o bem da Justiça -, os votos do ministro Joaquim Barbosa vêm sendo seguidos integralmente, na maioria absoluta das vezes, por Luiz Fux, Gilmar Mendes e Celso de Melo. Marco Aurélio de Mello também é rigoroso, mas suas decisões são muito pessoais, particulares.
     De qual quer modo, será uma surpresa enorme se a soma das condenações de João Paulo Cunha ficar abaixo de oito anos. Afinal, ele foi condenado por quatro crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e duas vezes por peculato. Como o fato de ele ser um congressista é um sério agravante, suas penalidades ficarão sempre em torno de dois anos e meio, no mínimo.
     Para quem já esqueceu: João Paulo Cunha é aquele deputado que, na presidência da Câmara, mandou a mulher receber R$ 50 mil, diretamente num caixa de uma agência do Banco Rural, em Brasília. Flagrado, inventou algumas desculpas inacreditáveis para o fato, entre elas a de que sua esposa estaria pagando uma conta da tevê por assinatura.
     Se der sorte, poderá ficar na mesma cadeia de seu mentor, o ex-ministro José Dirceu; de seu aliado, o ex-presidente do PP, Pedro Henry, que foi condenado, hoje, a nove anos e cinco meses de prisão; e do publicitário Marcos Valério. Como já se conhecem bem há tanto tempo, poderão formar duplas para jogar buraco, nas horas de recreação.

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