sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pela liberdade de expressão

     Eu até entendo que a turma do PT e seus asseclas odeiem a Veja, em especial. Fico imaginando os sentimentos da turma ao abrir a revista, sábado bem cedo, e deparar com as suas vigarices estampadas a quatro cores. As roubalheiras, os acordos inescrupulosos, as reuniões indecorosas, as mentiras e embustes, o abissal estelionato ideológico praticado desde sempre.
     Se petista fosse - não sou e nunca fui (há os 'arrependidos', que vagueiam no limbo do pensamento crítico) -, reconheço que teria esgares. Sonharia com o 'controle social da mídia', com a instituição do órgão único, a exemplo do que acontece em Cuba, por exemplo, com o Granma, que vale quando pesa, mas no mercado de produtos higiênicos, como substituto do 'papel' que não existe na ilha. E essa imagem não é uma brincadeira, embora possa parecer.
     Mas jamais vou entender a reação que a divulgação dos escândalos do Governo e de seus satélites provoca entre jornalistas, justamente aqueles que, por definição, deveriam defender inexoravelmente o direito à informação. E que ninguém venha com a conversa de que não há informação nas páginas de Veja, do Estadão, da Folha e, até, de O Globo. Há, sim, e ela é aterradora para os atuais detentores do Poder.
     Todas as denúncias e/ou matérias - eu disse todas! - foram comprovadas, de uma maneira ou outra. O resultado do julgamento do Mensalão do Governo Lula, esse que foi o maior assalto aos cofres públicos da nossa história, é uma prova incontestável. Personagens constantes das páginas de Veja, em especial, foram condenados por diversos crimes, pela mais alta Corte do País. Não fosse a determinação da revista, e eles estariam por aí, livres, leves e soltos, debochando da decência.
     Uma dezena de ministros foi defestrada do Governo graças a reportagens incontestáveis, apesar dos esforços oficiais para acobertar seus crimes. Outros ainda serão, não tenho dúvida. Esse é um dos papéis da imprensa livre: denunciar os desmandos dos que detêm o Poder. Há,é verdade, desvios pontuais. Mas não suficientes para reduzir a dimensão do papel dos nossos jornais e revistas na defesa da nossa democracia, construída, também, graças à determinação e à coragem de gerações de jornalistas.
     Foi assim durante os governos militares - e os exemplos estão aí, ao alcance de todos. Foi assim no processo de redemocratização; na condenação de Fernando Collor; e está sendo na exposição das vísceras de um esquema de poder que atentou contra a República e a dignidade de seus cidadãos.
     PS: Tenho muito orgulho de ter construído minha vida no jornalismo, ao longo de 40 anos de trabalho em redações. Houve momentos em que me exasperei, não nego. Como na terrível 'malufada' do nosso velho JB. Mas o resultado geral é amplamente favorável. O Brasil deve muito à sua imprensa, apesar dos seus defeitos, indiossincrasia.

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