quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um conto de terror

     Era uma vez um país qualquer submetido a um governo formado por meliantes, originários de alguns sindicatos, e recheado ideologicamente por desajustados. Graças a um discurso populista e demagógico, o líder máximo desse grupo conseguiu uma façanha digna de estadistas: eleger-se presidente, reeleger-se e emplacar a sucessora, uma neófita em política, sem qualificação alguma para o cargo, mas elevada à posição de ótima gestora e inimiga dos corruptos que saqueavam os cofres da Nação. Mesmo sabendo-se que todos os criminosos pegos com as mãos no dinheiro público faziam parte do seu grupo de apoio.
     Nesse país imaginário - é difícil acreditar que algo tão deplorável assim possa existir, de fato!!! -, o poder, de fato, continua com o tal líder carismático, que continua manipulando o governo, incólume a uma sequência incrível de escândalos. Pois esse chefão - uma espécie de rei do pedaço, ou 'o cara', como prega uma gíria local - foi pego mais uma vez com a calça não apenas retórica arriada.
     Por conta de uma denúncia de tentativa de suborno (apenas uma, entre as centenas ou milhares registradas), uma parte desse tal país - governado por amigos e correligionários de um grupo de quadrilheiros condenado à prisão - ficou sabendo que seu aiatolá, seu 'ai jesus', tinha uma secretária que executava todos os seus desejos, incluindo os mais recônditos. Cuidava de todas as suas necessidades, zelava pela sua paz, há muitos e muitos anos. Cuidava enquanto ele estava no poder real e continuou cuidando depois.
     Cuidava de tudo tão bem que ganhou um belo cargo no palácio (isso é uma metáfora
!) e recebia um belo e suculento salário, pago - é evidente - pelos súditos. A dependência do 'rei' aposentado era tão grande que ele não deixava de falar com sua assistente, todos os dias, várias vezes ao dia, escondido da 'ex-rainha', que - dizem as más línguas palacianas - odiava sua rival do dia-a-dia oficial.
     Como se fosse uma Marquesa de Santos rediviva, a assessora conquistou um prestígio inimaginável, passando a opinar na indicação dos funcionários e a negociar o prestígio que conquistara na intimidade do poder.
     Descoberta mais essa mazela - o velho senhor mal começara a cicatrizar feridas profundas provocadas pela queda de vários antigos e leais companheiros -, cuidava, agora, administrar o caos institucional e - presume-se - caseiro. A presidente-regente e seus cortesãos procuraram um jeito de livrar o antigo líder dos holofotes de uma imprensa que insiste em divulgar notícias desagradáveis.
     Recolhido, ele não fala, não comenta. Aposta no tempo, o mesmo que "transforma todo o amor em quase nada" (ele se acha um romântico). Seus súditos mais simplórios não entenderam bem a história. Sabem que uma dama do 'reino' está envolvida em alguma coisa ruim, mas não conseguem fazer as ligações. Talvez reagissem com mais rigor se fossem informados, claramente, de tudo o que aconteceu. Não nos desvãos dos palácios, que essas intimidades não interessam. Mas com o dinheiro que vem pagando tudo isso. Um dinheiro que sai dos seus bolsos.

2 comentários:

  1. Ainda bem que isso é só um conto de terror, uma fábula... Deus me livre se fosse verdade! Um país assim não sobreviveria!

    ResponderExcluir