sábado, 24 de novembro de 2012

Corrupção não tem limites

     O Globo nos conta que o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, conversaram muito com a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvia de Noronha, uma das responsáveis pelo esquema de corrupção desvendado ontem pela Polícia Federal. Os dois - certamente atendendo ao pedido de alguém, pois nada fazem sem aprovação dos chefões - tentaram convencê-la a pedir afastamento do cargo, para evitar o desgaste da exoneração, afinal determinada por Dilma Rousseff.
     É isso mesmo. O Governo tentou dar uma ajeitada na situação - como fez em todos os escândalos anteriores -, antes de tomar uma atitude. A desfaçatez dessa gente não tem limites, repito constantemente. Dois dos maiores nomes do esquema de poder, defensores ferrenhos dos quadrilheiros do Mensalão, foram conversar com uma criminosa, claramente preocupados com os desdobramentos do caso.
     Afinal, Rosemary é da cota pessoal do ex-presidente Lula e destaque no esquema. Tanto que indicou pessoalmente dois outros personagens de mais esse escândalo. Não é qualquer um que consegue emplacar afilhados em cargos de relevância, como os ocupados pelos irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Portuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
     Além de Rosemary e dos irmãos 'metralha', a Polícia Federal indiciou ninguém menos do que o segundo nome da Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda Alves, também afastado do cargo, e outros quadrilheiros de menor importância. Pelo pompa dos cargos, fica claro que o esquema de fraudes em pareceres técnicos, destinados a favorecer empresas envolvidas em obras públicas, vai além de uma simples associação entre ladrões de galinhas.
     Nesse patamar de poder, com tantos envolvimentos, é impossível que o esquema se limite a meia dúzia de pilantras. O valor dos subornos - o procurador que denunciou o esquema recebeu proposta de R$ 300 mil para mudar um parecer - mostra que há interesses muito maiores em jogo. Alguém (uma empresa) que repassa R$ 300 mil a um peão para ganhar uma obra, certamente paga muitíssimo mais aos chefões, direta ou indiretamente. Em dinheiro vivo (em contas bancárias em paraísos ficais), ou 'apoiando' candidaturas companheiras.
     Desde já, Dona Rosemary figura com destaque na lista de pessoas que eu torço para que contem tudo - quem sabe uma delação premiada? - , ao lado do publicitário Marcos Valério e do contraventor Carlinhos Cachoeira. Pelo que aconteceu com seus correligionários do PT, recentemente, o futuro de Rose, como é conhecida, segundo os jornais, tem grades nas portas e na janela. Se falar, talvez escape das nossas 'prisões medievais'.

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