segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Golpe de mestre garante cadeia para Dirceu e Genoíno

     Por um desses inconvenientes que surgem eventualmente, não acompanhei o início da sessão do Supremo Tribunal Federal, em tempo real. Pude, no entanto, rever o momento mais saboroso do dia: o golpe de mestre aplicado pelo ministro Joaquim Barbosa no revisor Ricardo Lewandowski, ao inverter a ordem da apresentação do seu voto sobre a pena dos quadrilheiros e corruptos.
     Sua Excelência ('excelência' deles, bandoleiros, em especial) Lewandowski quase teve um infarto ao ver que a companheirada seria o tema do dia, e não aqueles outros réus que finge proteger dos rigores da lei. Foi, simplesmente, patético. Ao retirar-se do plenário, com uma rabanada que fez sua capa preta flutuar, exibiu toda a sua insatisfação por ter sido nocauteado. Tentou argumentar, mas não encontrou eco no presidente da Corte, Ayres Brito, nem nos demais ministros, que decidiram por continuar normalmente a sessão, como não poderia deixar de ser.
     Chegou a invocar, de modo ridículo, o fato de "a imprensa" ter noticiado que a a segunda-feira seria dedicada ao grupo financeiro do assalto aos cofres públicos, como se houvesse a obrigação de seguir a pauta dos jornais e revistas, e não os trâmites do Tribunal. É evidente que a companheirada não esperava a mudança decidida por Joaquim Barbosa. Para a turma, seria ótimo que o julgamento continuasse no mesmo tom, deixando a turma do Partido dos Trabalhadores para o fim, lá para dezembro ou janeiro do ano que vem.
     Ayres Brito, por exemplo, que tem sido rigoroso, está prestes a se aposentar. Seria menos um voto contra a quadrilha petista - deveriam estar imaginando o revisor, os bandoleiros e a cúpula do Partido. E sempre haveria tempo de ele, Lewandowski, ler uma dúzia de artigos de jornal defendendo os condenados, como muito bem lembrou Joaquim Barbosa. Pois foi o que o melhor advogado dos criminosos fez semana passada, em uma tática claramente protelatória: passou um tempo enorme lendo reportagem publicada no Correio Brasiliense.
     Estava preparando o terreno para o recital de depoimenrtos favoráveis à camarilha petista que - eu me permito especular, em função dos antecedentes - estava preparando. Não para ele mesmo ler, pois não poderia participar da aplicação de penas e José Dirceu e José Genoíno, pois os absolveu. Mas para repassá-las a alguém. Ou aproveitar a defesa que faria - ainda vai fazer, mas já sem serventia alguma - de Delúbio Soares para introduzir os elementos de defesa dos demais condenados.
     Desmoralizado pela atuação deplorável registrada nos últimos meses (não pode sequer ir a um restaurante sem ser hostilizado), Ricardo Lewandowski não esperava o direto no fígado, implacável, demolidor para seus propósitos. Tentou levantar, apelou para alguns golpes baixos - sua única tática - mas acabou na lona. E, com ele, seus 'clientes' informais. José Dirceu, o ex-ministro de Lula, já está condenao a quase 11 anos de cadeia. Cadeia mesmo, atrás das grades.
     Genoíno, que pegou quase sete anos, poderá ser beneficiado pela prisão em regime semiaberto. Poderá. Se conquistar esse benefício, poderá - insisto no tempo verbal - passar os próximos anos em uma colônia penal, que poderá ser industrial ou agrícola. Talvez seus advogados optem por pedir o confinamento em uma instituição agrícola. Quem sabe com plantação de cana. Ele vai se sentir em casa.

PS: Delúbio também já está condenado à cadeia. Vamos ver se ele acha, agora, que tudo é uma piada.

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