segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Mudanças já, no Vasco!

     Há alguns anos - na verdade, muitos ... -, ainda na editoria de Esportes do Jornal do Brasil, saí em defesa do então atacante e ídolo do Vasco, Roberto Dinamite, que vinha sofrendo uma cobrança muito grande dos torcedores, especialmente dos mais jovens, por uma natural queda no rendimento. Naquela época (acho que em 1985), fazíamos - eu e os excelentes Fernando Calazans e Nílson Damasceno - um rodízio para cobrir a folga semanal do ótimo e saudoso Sandro Moreyra, que assinava a coluna Bola dividida.
     Escrevi, então, que Roberto - se quisesse - poderia terminar ali mesmo sua brilhante carreira, pois já conquistara um lugar especialíssimo não apenas no futebol do clube, mas no esporte brasileiro. Não precisava provar mais nada a ninguém. Mas torcia para que ele continuasse, que ignorasse cobranças que sempre considerei injustas. O tempo mostrou que eu estava certo. Roberto encerrou a carreira, no nosso Vasco, em 1992, campeão carioca invicto (conquistou cinco estaduais e um brasileiro, entre uma dezena de outros títulos); 1.152 jogos; e 752 gols (dos quais 26 pela Seleção Brasileira, três deles na Copa de 1978). É, até hoje, o maior artilheiro de campeonatos brasileiros, com a incrível soma de 192 gols.
     Roberto foi meu ídolo esportivo por quase duas décadas. Flávia, minha filha mais velha e fiel companheira de arquibancadas, gritava 'gols de Roberto' pela casa, mal aprendeu a falar. Fabiana, a mais nova, embora também vascaína (respirava-se e ainda se respira Vasco na minha casa), preferia outros programas nas tardes de domingo, mas estava sempre conosco em decisões.
     Imaginem, portanto, meu constrangimento ao constatar que, hoje, considero a presença de Roberto à frente do Vasco absolutamente nefasta, prejudicial aos interesses do clube, deletéria para uma torcida apaixonada que se sente traída. E não me prendo apenas aos resultados pífios da equipe principal, que acumulou, ontem, sua sexta derrota seguida, um recorde negativo na sua história. Como diz minha neta, Júlia, quando me vê sofrer: "Quando um time ganha, outro perde, vovô ...". Exatamente. Derrotas esportivas são apenas derrotas esportivas. Incomodam, machucam, mas fazem parte do esporte.
     O problema do Vasco, no entanto, transcede os vexames ocorridos dentro de campo. Há uma crise generalizada que ameaça a própria instituição. Roberto, eleito com uma enorme carga de esperança de renovação, mergulhou o clube no caos plantado pela administração anterior. Reeleito, aprofundou os desencontros, pecou em praticamente todas as iniciativas que tomou.
     Omitiu-se, provovou novos rachas na diretoria; perdeu todas as ações em curso na Justiça; descumpriu acordos; e, agora, viu São Januário - por sua culpa - ser descartado como instalação olímpíca, algo que surgia como ótima opção para melhorar a estrutura do estádio, renovar os acessos, revigorar o bairro. Isso, sem falar no desmanche da equipe que conquistou a Copa do Brasil no ano passado, nos atrasos no pagamento de salários.
     Hoje, por mais que lamente, confesso que me alinho com aqueles que pregam a saída imediata de Roberto e a convocação de nova eleição, capaz de reagrupar as forças que historicamente sustentam o clube. O Vasco precisa se reinventar e reconquistar o apoio do torcedor, seu maior capital.

Um comentário:

  1. Marco, boa tarde.

    Sou diretor de TI e auxilio na manutenção de conteúdo do site do movimento Cruzada Vascaína. Seu sobrinho me enviou este seu texto e perguntou se podíamos publicar lá - o que me deixou muito honrado (por ter um jornalista Vascaíno cansado das mazelas da administração deste nosso ídolo dos gramados mas que atrás da escrivaninha só tem feito bobagem).

    Criei um usuário para você (embora não tenha seu e-mail) para atrelar o texto a você. Ele irá entrar hoje, na coluna do torcedor do nosso site.

    Se puder, por favor, depois visite nosso site (entre em contato com teu sobrinho que ele dirá qual o seu usuário e senha) e coloque uma foto sua... Por enquanto, deixei uma bela bandeira do Vascão.

    SV e melhoras para o nosso Vascão em 2013.

    A partir de agora, sempre vou acompanhar seus textos, que são bem interessantes, diga-se de passagem.

    PS: temos um jornalista no time lá - não sei se conheces. É o Jorge Clapp.

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