sexta-feira, 23 de novembro de 2012

De Cachoeira e José Dirceu

     Carlinhos Cachoeira, o contraventor goiano acusado de liderar um grande esquema de corrupção que envolve empresas públicas e privadas e políticos dos mais diversos partidos, exibiu, hoje, por palavras e atos, num rápido desabafo, sua enorme semelhança com os quadrilheiros José Dirceu e Marcos Valério (lembro que os dois foram condenados por formação de quadrilha, ou bando, e, portanto, são formalmente considerados quadrilheiros).
     A exemplo do ex-ministro de Lula, Cachoeira também culpa a imprensa por seu infortúnio. Disse que está cansado de ser perseguido. Em outro ponto comum com o chefe da quadrilha do Mensalão, acusou o Ministério Público de "estrelismo". E, assim como o publicitário mineiro que administrou a roubalheira da companheirada do PT, deixou no ar a possibilidade de contar tudo o que sabe sobre as pilantragens que o levaram à cadeia.
     - Vou colocar os pingos nos 'is'. Vou falar a história toda. O povo goiano vai ter orgulho de mim", desabafou e o Estadão registrou.
     Assim como torço para Marcos Valério, afinal, contar tudo - mas tudo mesmo! - que sabe sobre as vigarices ocorridas no Governo Lula, como antecipou, espero que Cachoeira cumpra a promessa que fez agora. Que fale das suas relações com os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF); com deputados e vereadores; com a construtora Delta, aquela que já foi a mais importante do tal PAC e que financiou viagens do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e de alguns secretários.
     No caso do Mensalão do Governo Lula, por obra e destemor do ministro Joaquim Barbosa, quase todos os criminosos foram condenados. Marcos Valério poderia, se quisesse, de fato, acrescentar nomes e fatos a essa que foi a maior agressão institucional à recente democracia brasileira.
     No escândalo provocado pelo contraventor goiano, teme-se que a maior parte da pilantragem fique oculta, graças à manipulação feita pelo relator da CPI, o deputado mineiro Odair Cunha (do PT, é lógico), preocupado em investir contra jornalistas tidos como inimigos do Poder e livrar a cara da companheirada. Cachoeira, se contar tudo, pode reduzir o grau de desprezo que a evocação de seu nome provoca na Nação.

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