sábado, 26 de março de 2011

A Vale ameaçada

     Há alguns dias, Míriam Leitão, em sua coluna em O Globo, praticamente esgotou - por clara, incisiva e irretocável - a avaliação sobre mais esse lamentável momento da vida política nacional: a absurda intervenção do Governo para conseguir a saída do atual presidente da Vale, Roger Agnelli. Ouso acrescentar algumas considerações, sempre levando em conta que a Vale - parece que o Palácio do Planalto insiste em desconhecer - é uma empresa privada (a maior do país) que deve, antes de mais nada, prestar contas aos acionistas, e não ao governante de plantão.
     Além da indesculpável intervenção, a lamentar, também, o papel medíocre e apequenado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na sua desesperada luta para reconquistar espaços no primeiro escalão do governo, depois de ser bombardeado pelo 'fogo amigo' que parece ser disparado do terceiro andar do Palácio. Mantega fez o papel que lhe designaram, servindo de menino de recados nos encontros para conseguir a adesão da direção do Bradesco, acionista de peso e decisivo na obtenção dos votos necessários à demissão de Agnelli.
     Para tentar evitar interpretações ainda mais críticas, porta-vozes do Governo - alguns deles ocupando colunas de jornais - já andam espalhando que o novo presidente da Vale sairá dos quadros da empresa, e não de um diretório do PT, como acontece normalmente. A julgar pelo histórico recente, no entanto, a Vale corre, sim, o risco de se transformar em mais um instrumento político, refúgio seguro para deserdados pelas urnas.

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