quarta-feira, 9 de março de 2011

Caminhos da morte

     Entre as várias causas do número desanimador de mortes em estradas, especialmente em feriadões, como o do carnaval, destaca-se, para mim, o descompasso abismal entre o crescimento da indústria automobilística e os investimentos na malha rodoviária. Em trechos onde há 15 anos passavam - digamos - cem veículos por hora, hoje passam 500. A largura das faixas de rolamento é a mesma, as opções de escape também. Para agravar, o padrão dos motoristas em geral - e dos profissionais em especial - caiu vertiginosamente.
     O produto final dessa multiplicação de fatores não poderia ser outro. A cada ano, momentos que deveriam ser de prazer transformam-se em pesadelos para centenas de famílias. O acesso de motoristas cada vez mais jovens aos automóveis também é determinante. Sem o tempo necessário ao aprendizado, lançam-se nas estradas como se estivessem trafegando nas ruas de seu bairro, cometendo os mesmos erros, com a mesma arrogância típica da idade, mas com resultados geometricamente mais graves.
     As bebidas alcoólicas, a despeito das campanhas, surgem como outro fator deflagador de tragédias. Desinibem, liberam e matam.
     Uma inspetora da Polícia Federal, em entrevista à Globo News, hoje pela manhã, fez uma avaliação muito competente do problema, mas argumentou que seria impossível fiscalizar cada quilômetro de estrada. É verdade. Num país continental como o nosso, seriam necessários exércitos de policiais. Talvez fosse o caso, no entanto, de rever a prática da fiscalização.
     No lugar das armadilhas policiais (radares escondidos no mato, entre elas), mais transparência, mais presença ostensiva ao longo das vias, mais ações educativas. E punições, é claro.

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