quarta-feira, 30 de março de 2011

A intolerância não tem defesa

     Um antigo e fraterno amigo, com o qual tenho divergências ideológicas já 'históricas' (afinal, nossa irreversível amizade completou 53 anos...), fez algumas restrições ao texto no qual também critiquei duramente o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Não à essência das críticas ao racismo hidrófobo e ao homofobismo desatinado, ressalvo. Mas à motivação extra que ele vislumbra nos jornalistas, em geral.
     Ele acredita, realmente, que o linchamento do ex-capitão tem estreita ligação com o fato de ele ser um representante assumido do pensamento de direita, com o 'agravante' de ser uma espécie de porta-voz oficioso de grande parte das Forças Armadas, o que despertaria velhos ressentimentos.
     Creio que não, pelo menos totalmente. Pela insensatez das suas colocações, Bolsonaro não escaparia do apedrejamento moral mesmo que desfilasse no Eixo Monumental com a bandeira do PT em uma das mãos e uma foice e um martelo na outra.
     Mas alguma lógica - sou forçado a admitir - há nas suas ponderações, que foram pessoais, mas que tomei a liberdade de tornar públicas. Se não houvesse, como explicar o endeusamento acrítico de genocidas como Stalin e Mao? E a tolerância incompreensível com outros assassinos, como Muamar Kadafi e Mahmoud Ahamadinejad? E a defesa do indefensável tiranete Hugo Chavez, o inimigo número um da imprensa livre? E as desculpas que tentam justificar o mensalão e os mensaleiros? Ou os sorrisos condescendentes que acompanham todas as bobagens - e são incontáveis - recitadas dia após dia pelo ex-presidente Lula?
     A contundência da reação à intolerância representada por Jair Bolsonaro, no entanto, é absolutamente pertinente. E insisto, deveria ser endossada mesmo que indiretamente pelas Forças Armadas, pelo desserviço que personagens assim prestam à consolidação da democracia, baseada, antes de tudo, na igualdade.

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